“Compulsão alimentar é uma doença mental em que a pessoa sente a necessidade de comer, mesmo quando não está com fome, e que não deixa de se alimentar apesar de já estar satisfeita. Pessoas com compulsão alimentar comem grandes quantidades de alimentos num curto espaço de tempo.”
Durante toda a minha vida fui apelidada de gulosa. Ou grande parte dela, vá. As pessoas à minha volta achavam que eu era gorda porque comia muito, o que era verdade, mas julgo que achavam que podia parar de comer e emagrecer se assim o quisesse.
Não. Todas as dietas que fiz falharam. O que eu tive, o que eu tenho ainda hoje, é uma doença, que me levou a comer doses descontroladas de comida, para lidar com situações difíceis que vivi. O que eu tive, o que eu tenho ainda hoje, está muito além do pecado da gula.
É um assunto sério, que eu vivi, mas já não vivo, em silêncio absoluto. Eu estive gorda porque comia muito, para me fazer mal, para me castigar, para compensar. Falo disto assim porque sei que, como eu, há milhares de pessoas a passar pelo mesmo. A viver de vergonha. A esconder.
A compulsão alimentar é uma realidade que precisa de ser discutida com seriedade. É uma doença que, apesar de ter manifestações físicas, tem outras, psicológicas, muito, mas mesmo muito mais graves. É urgente falar disto. É urgente dar voz a quem sofre disto. Se não for por mais nada, este blogue já valeu a pena.