Por causa deste post no Instagram recebi imensos comentários à minha força de vontade, à minha habilidade de superação e à minha capacidade de não me ir abaixo com comentários menos felizes. Deixem-me que vos diga que perdi a conta ao número de vezes que me fui abaixo. Ao longo destes anos todos, eu passei por momentos muito negros, de uma autoestima a zeros, de uma confiança quase nula.

Quem me conhece há muito tempo dirá que isto não é verdade, que eu sempre fui muito segura de mim. E fui! Nas amizades, nalgumas relações, na escola, no trabalho. Em tudo o que não dizia respeito a mim própria, enquanto mulher. Perante os outros eu fazia-me de forte, mas sozinha? Sozinha a minha cabeça não parava de me atormentar, de me fazer lembrar que todas as tentativas falhavam, que tinha fome, que odiava fazer dieta, que não queria mais passar fome.

Fui-me abaixo todas as vezes que voltei a engordar. E não só! Fui-me abaixo sempre que não resisti à comida e tive um e outro episódio de compulsão. Sempre que falhei uma dieta. Sempre que um par de calças me deixou de servir. Sempre que fui apelidada com as mais variadas alcunhas. Eu sempre liguei muito à imagem. Quem não liga? Por isso sofria por não ser como sonhava, mesmo que os meus sonhos fossem impossíveis.

Só não vai abaixo quem não é humano, quem não sente. Ir abaixo faz parte do processo. Aliás, faz parte da vida. A grande questão é: o que se faz depois disso? De que forma nos levantamos? Eu escolhi, e escolho todos os dias há quase 5 anos, cuidar de mim. Cuidar de mim implica comer bem, sem passar fome, mas a proibir-me de algumas coisas (não há milagres!), treinar tudo o que posso e rodear-me de gente boa, com quem troco boas experiências. Gente que não é tóxica, faço-me entender?

Pedem-me, muitas vezes, para explicar como me aguento, como resisto… Eu não sei explicar. Afinal, eu fui aquela que sempre comeu tudo, que sempre experimentou tudo. O que mudou? Acho que o paladar tem muita influência. Depois de 3 meses sem comer açúcar, confesso, já não me lembro do seu sabor. Não sinto vontade de comer doces! A cabeça também ajuda, claro. Definir muito bem aquilo que se quer, traçar um plano e estratégias para o concretizar. Isso é absolutamente fundamental.

Se hoje em dia ainda me vou abaixo? Oh lá se não vou! A grande diferença é que a tristeza já não me dá para comer e, por isso, o meu ir abaixo já não se reflete na minha imagem. Se estou em baixo vou dar uns socos (estou mesmo a falar a sério!), vou correr, vou ao cinema ou ponho a música muito alta e danço como louca. Ou digo a alguém de confiança que estou triste e peço um abraço. Também funciona. Resumo da história: toda a gente se vai abaixo, tal como todos têm dentro de si a capacidade de se superar. Basta querer e fazer por isso. Sem desculpas!

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