Há 4 anos, quando escrevi o primeiro texto deste blogue, a minha intenção era puramente de autoajuda. Eu queria perder peso e achei que se começasse a escrever sobre esse processo, se fosse lida por alguém, o meu comprometimento seria maior e mais forte. Eu queria ser controlada, digamos assim. Estava convencida de que precisava do olhar dos outros para conseguir mudar.

Aos poucos, fui percebendo que os textos que eu escrevia eram lidos por mais gente que não apenas a minha mãe e os meus amigos mais próximos. Comecei a receber emails e mensagens de pessoas, sobretudo mulheres, dizendo que a minha história podia ser a delas, agradecendo por ter a coragem de escrever aquilo que sentiam enquanto maldiziam o seu corpo e tentavam mudá-lo, sem saber como.

Recebo, todos os dias, muito carinho de pessoas que eu não sei quem são, mas que, por alguma razão, gostam de mim e se identificam comigo. Queiram ou não perder peso, continuam por cá, a ler o que escrevo, a ver os meus vídeos tontos, a torcer por mim. Essas são as primeiras pessoas a quem agradeço por estes quatro anos. Eu escrevo para ser lida e não tenho problema nenhum em assumir isso. Quero que me leiam e que gostem de o fazer. Obrigada.

Depois, quero agradecer à minha mãe, que sempre me apelidou de Perna Fina e que nunca imaginou receber encomendas em casa por causa disso. A minha mãe, que tira a maioria das fotografias que tenho no Instagram. A mais paciente, a mais chata, a insubstituível. Ao meu pai, por ter a família que tem, com a alcunha que tem. Sei que há umas tias e umas primas que vibram imenso com este meu orgulho em ser Perna Fina e que me lêem com carinho. Obrigada.

Agradeço, também, aos meus amigos sinceros. Àqueles que estão comigo, faça eu o que fizer, que me aceitam com todas as minhas imperfeições, que me tiram fotografias (muitas!), pacientemente. Obrigada. Ao Luís, o meu querido treinador, que se tornou numa das pessoas em quem mais confio na vida. A ele agradeço o facto de nunca ter olhado para mim como incapaz, por ter antes olhado para mim como uma atleta em potência. Devo-lhe muito. Obrigada.

Por fim, agradeço a todos os que estão à espera que eu falhe e que volte a ser gorda outra vez. A um em especial, que eu sei que, lá no fundo, bem no fundindo, não aguenta que eu mantenha este projeto vivo e que, ao contrário do que previu, eu tenha mesmo conseguido emagrecer. Eu tenha mesmo conseguido emancipar-me. Eu tenha mesmo conseguido ser aquilo que sempre disse que eu não seria. A si e a todos os que duvidaram (e ainda duvidam!), obrigada.

Foi neste blogue que expus as minhas dificuldades em lidar com a comida, o desastre que sempre fui em todo e qualquer desporto, os meus complexos, as minhas angústias. As minhas vitórias, que foram crescendo, à medida que os incentivos não paravam de chegar, de todos os pontos do país, confirmando que o que estava a fazer já não era só por mim, mas por todos aqueles que, tal como eu, queriam perder peso e mudar de vida.

Nas páginas deste diário público, declarei o meu amor ao Crossfit, falei das consultas de reeducação alimentar, mostrei gostos e desgostos, fui eu, crua, nem sempre feliz, mas sempre autêntica. Abri guerra às dietas, anunciei o fim do consumo de produtos com lactose, apresentei os argumentos contra o glúten, percebi que queria aprender a lutar e pus-me de joelhos aos pés do boxe, colaborei com marcas que gosto.

A Perna Fina assenta na ideia de que podemos ser tudo o que quisermos, se lutarmos por isso. Ser Perna Fina é ser esforçado, teimoso, obstinado, criativo, resiliente. É ter mau feitio, é ser-se chato, é querer e fazer mais e, se possível, melhor. Por isso, na Perna Fina, cabem todos os que forem do lado bom da força. Cabem os outros, também. Cabem todos, na verdade.

Estes foram os melhores quatro anos da minha vida. Foram os anos em que cresci mais, em que me diverti mais, em que trabalhei e treinei mais. Foram os anos em que me tornei na melhor versão de mim, mesmo que esta não seja a versão preferida de toda a gente. É a minha, que, em última análise, é a quem mais interessa. Da minha parte, posso apenas prometer em manter viva a chama, da forma mais entusiasmante e original que conseguir. Obrigada.

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