Mês: setembro 2017

Fundo do poço!

Ontem resisti às tentações alimentares. Hoje, olha, caguei. Caguei e encomendei uma piza, a escorrer queijo (que me faz tão bem #sqn), cheia de salame picante. Encomendei, por telefone, deitada na cama: o meu habitat dos últimos dias. Pensei: deixa-me cá pôr já a carteira ao pé de mim para poder pagar logo e não andar aos saltinhos de um lado para o outro, à frente do menino da piza. Toca a campainha e eu, ai fod**-se, que susto!, que entretanto tinha adormecido. Toda uma logística: telemóvel no sutiã, que é do mais digno que há, cartão multibanco na boca, canadianas em riste e pumba. Antes de chegar à porta, que a minha casa não é assim tão pequena, já o moço estava a tocar outra vez, a achar que não estava ninguém em casa e que ia ser vítima daqueles telefonemas-fantasma. Chego ao intercomunicador e digo: olhe, a porta não abre. Vou dar-lhe o código, ok? Pronto, o rapaz põe o código da porta com sucesso e eu tento abrir a porta da entrada de casa, que estava fechada à chave! A chave estava no quarto, na minha mala, e naqueles nanosegundos eu pensei que era mais rápido ir ao pé coxinho até lá. Poing, poing, poing, p’ra frente e para trás. Abro a porta e está o menino da piza a olhar para mim do género: pá, queres a piza ou não? Eu olho para ele e digo: olá, faz-me um favor? Estou assim, não vou conseguir pegar na piza e andar com ela. Importa-se de a deixar em cima da mesa? E o tipo lá foi, amoroso, sempre a pedir licença por ter entrado em casa. Tento pagar com o multibanco e não havia rede. Foi aí que disse para mim mesma: Joana, se o teu destino é este, opta por não viver mais, faz esse favor a ti mesma. Se calhar aqui mais na escada, disse o rapaz. E eu de muletas! Fomos até ao vão da escada e a merda do cartão lá deu. Olhe, as melhoras e bom proveito, despediu-se ele. Eu fechei a porta, larguei as cabras das bengalas, sentei-me e pensei: depois disto tudo, estas calorias não vão contar. Não vão! Os deuses do fitness vão ter esta minha odisseia de fundo do poço em consideração. Vão sim.

Só penso em comer…!

Estou em casa, deitada, agarrada ao computador, à espera que a entorse que fiz na terça-feira me deixe voltar ao trabalho e aos treinos. Isto é uma valente seca: respondo aos e-mails de trabalho, faço uns materiais para os miúdos, vejo vídeos no youtube e penso em comer. Na verdade, mesmo quando estou a fazer outras as outras coisas que escrevi, eu estou a pensar em comer. Porque estou aborrecida. PRO-FUN-DA-MEN-TE aborrecida! Tenho comido só coisas que fazem parte da minha alimentação de todos os dias, mas na minha cabeça só passam chocolates, sushi, pizas, merdas sem fim. É que se dou asas a estes meus apetites, deitada todo o dia, viro um pequeno cachalote num abrir e fechar de olhos. Passa, entorse, passa depressa ou este blogue tem os dias contados.

Ressaca doce

O açúcar deixa-me de ressaca. À seria! Eu evito ao máximo bolos, chocolates e cenas, mas se vou jantar fora, num aniversário, como. Como porque gosto mesmo muito. Porém, nos dias seguintes ando péssima. Como se o corpo me pedisse mais, como se não suportasse passar sem aquelas coisinhas do demónio, que tanto adoro. Acho mesmo que não é psicológico. Não pode ser.

Há alguns estudos que apontam neste sentido. Afirmam que o açúcar cria dependência, que vicia como qualquer outra substância tóxica. Porque é isso que o açúcar é: tóxico. Não pretendo abrir uma guerra ao açúcar. Já assumi que não me pretendo fundamentalista em (quase) nada na vida, mas, a verdade, é que está mais que provado que o açúcar nos dá cabo do corpinho.

E este dar cabo não é só por fora, é por dentro também. Basta pensar que dá uma espécie de ressaca para perceber que mexe com o sistema todo, que nos corrói por dentro, como o álcool, como a droga, sem querer estar a ser dramática. A questão principal é a que diz respeito às todas as dependências relacionadas com comida: não são levadas a sério em praça pública. Porque a comida não nos faz cambalear, não nos faz ter visões… Mas é mais mortal do que se julga e já é tempo de levar estas ressacas doces mais a peito.

Organizadinha!

A minha nova rotina tornou-me uma pessoa mais organizada. Garanto. Eu trabalho muito. Mesmo. Pelo meio tenho de ter tempo para preparar as minhas refeições, para os treinos e para o resto da minha vida (que às vezes, Deus Nosso Senhor Sabe!)

Por isso, tenho, obrigatoriamente, de ser uma pessoa mais organizada. Porque não posso viver sempre do acaso, do que me aparecer para comer, do que me surgir para fazer ao final do dia, em vez do treino. Por aqui.

Não que a minha vida seja só comer e treinar, não é, mas esta é uma parte demasiado importante para mim. Durante anos não lhe dei atenção e o resultado foi o que se viu. Banhas, banhas everywhere.

Por querer que seja assim, levanto-me muitas vezes mais cedo do que gostava. Tal como me deito mais tarde do sonhava. Aos domingos, passo algum tempo a preparar as refeições da semana: cozo uma boa quantidade de arroz integrar, preparo legumes para saladas, de forma a que no dia seja só atirar tudo para a marmita.

Um dia por semana vou ao supermercado, comprar os frescos, a bebida vegetal, barrinhas cruas ou proteicas. Compro água (prefiro a alcalina), frutos secos e alguns suplementos. Esta é uma tarefa que adoro. Ando sempre à procura de novos sabores, coisas que me dêem mesmo prazer.

Ainda não sou uma mulher de família, e acredito que os filhos modifiquem estas rotinas, mas espero que estes anos-teste me dêem bagagem para continuar neste ritmo por uns bons tempos. Porque esta organização mudou a minha vida e a minha disponibilidade para enfrentar o dia a dia.

Temos tempo para tudo, eu garanto. Talvez só tenhamos de nos levantar antes da maioria. Ganhar tempo é ganhar qualidade existencial. Eu não sei, sinceramente, como aguentei viver tanto tempo no caos. Mas por conhecê-lo tão bem, sei, perfeitamente, que não quero que volte. Assim está bom.

Cheguei ao meu limite?

Eu sinto-me lindamente. Neste momento, estou muito contente com tudo o que habita em mim. Ok, a celulite continua a ser um tema a massajar, mas, tirando isso, está tudo muito bem encaminhado. Apesar de me estar cagando para o que os outros acham da minha forma física, às vezes, os comentários menos queridos ainda me doem.

Diziam-me no outro dia, assim com um ar meio depreciativo: tu estás bem, mas acho que, ainda assim, devias fazer mais qualquer coisa de diferente. Sei lá! Acho que ainda não estás no melhor que podes. Aquela merda ficou a bater-me na cabeça como uma torneira a pingar. Será que podia estar mais magra? Mais musculada? Mais definida? Será que não? Será que disto não passo? Cheguei ao meu limite de melhoramento?

O meu treinador tem muuuuuuuita paciência para mim. Para as minhas queixas e para os meus desabafos e eu perguntei-lhe isto: cheguei ao meu limite? Ele levou-me a uma análise mais profunda da cena. Desde que comecei a mudar, nem sempre fui consistente. Porém, desde abril que fiz umas alterações mais sérias na minha alimentação e passei a treinar, religiosamente, seis vezes por semana (4 vezes Crossfit, 1 vez Muay Thai/Boxe e 1 vez corrida).

Efetivamente, desde abril que este corpinho levou um abanão. Eu não estou necessariamente mais magra. Já disse que deitei a balança fora, não já? Eu estou diferente. O meu corpo mudou a forma. Eu, que nem nunca tive rabo, agora tenho! Portanto, esta análise levou-me à resposta da minha pergunta. Acho que ainda não cheguei ao meu limite, porque, na verdade, nem sei se esse limite existe.

Para além disso, reforcei a ideia de que se estou, diariamente, a fazer tudo o que está ao meu alcance, não há dedo nenhum a apontar. Se houver, olha: é fazer mais uma dúzia de burpees, dar mais uns rounds de socos e provar, apenas e só a mim mesma, que eu posso chegar onde eu quiser e não só, mas também, por saber que é isso que assusta quem tenta desmotivar-me.

Carta Aberta à Zara

Zara, meu amor indumentário maior,

Temos de falar! Já houve um tempo em que eu e tu não fomos as melhores amigas. Em parte culpa minha, admito. De ti, recebia só algumas túnicas, calças largas e t-shirts. Pronto, vivíamos assim. Eu aceitava que só fazias roupa para esqueletos e vivia com esse facto o melhor que podia.

Mas depois eu perdi mais de 20 quilos. Sabes o que são 20 quilos de chicha? Não é pouco, acredita. E tu, como é que me compensaste perante o meu esforço, como? De porra de maneira nenhuma! Sim, estou pior que fula e sabes porquê? Porque este fim de semana cheguei ao meu limite. Ora atenta.

Eu estava necessitada de calças. Visitei-te, como boas amigas que somos, na esperança que tivesses o que precisava. Calças! Eu só queria calças. Não te estava a pedir nenhuma instalação tipo Joana Vasconcelos, nada disso! 546 modelos diferentes e quase todos eles serviriam, com maior facilidade, às minhas alunas de 7 anos!

Isto porque, Zara, não sei se já olhaste à tua volta, mas a comum mulher tuga tem anca e tem rabo. Essas formas da anatomia humana que pareces desconhecer. Ou ignorar. Portanto, dos 328 modelos que experimentei, independentemente do tamanho, só dois me serviram na anca, sem me sobrar meio metro de tecido na cintura, e na barriga das pernas.

Zara, minha amiga que afinal se começa a revelar uma grande cabra, EU PERDI 22 QUILOS!? Como é que não há calças para eu vestir, caraças? É que afinal, o problema não era meu. Tu é que vendes roupa para mulheres que não existem ou existem, mas vão para o trabalho montadas nos seus unicórnios.

Portanto, minha destruidora de sonhos, vê se acordas. Faz um estudo de mercado, informa-te, fala com pessoas reais e percebe, duma vez por todas, que, das duas uma: ou mudas, nem que seja um bocadinho, ou esta amizade, no que a calças diz respeito, tem os dias contados. Olha que se fosse a ti, levava estas ameaças a sério. Olha que eu não sou para brincadeiras. Estou quase a devolver-te a metade do meu coração de BFF. Tenho dito.

Um beijo desta Anca Larga que te adora (até ver),
Joana.

Alguém me avise, por favor!

Sabem aquelas pessoas mesmo, mesmo chatas, que evitamos porque são impossíveis de aturar? Que são picuinhas, mesquinhas, muitas vezes fundamentalistas num ou dois temas, uma seca de gente! Eu morro de medo de me tornar numa dessas pessoas. Juro. Por isso, se isso me acontecer, por alguma razão, espero que a minha família e os meus amigos me preguem imediatamente dois pares de estalos, p’ra eu acordar p’ra vida. Porque é mesmo triste não termos noção que somos chatos, que somos inconvenientes, que não somos queridos nalgum lugar, por alguém. Agora que penso, talvez seja um bocadinho assim em relação ao Crossfit… Bem, venham os estalos, que eu aguento! Naaaaaa… Acho que ainda me safo.

(Agora a sério, pessoas chatas, não incomodem tanto!)

Coisa mai linda: Ana Da Rocha Pinto

Desde pequena que a Ana sentiu paixão pelo mundo das pedras, dos metais e das jóias. Diz que olhava para os materiais com curiosidade e admiração, até que começou, ainda em criança, a brincar com os arames das vinhas do avô. Guardava todos os fios de cobre que encontrava e pedras, que lhe parecessem bonitas: quartzos, xisto e basalto. Ia moldando à mão, anéis e pulseiras, até descobrir os alicates.

A joalharia foi algo que foi crescendo consigo, que se desenvolveu, foram amadurecendo juntas. Toda a vida fez peças: na faculdade fazia os colares para as amigas levarem aos bailes de gala. Quando ia ao teatro, ou numa saída de amigas, fazia para um colar para uma roupa específica, só porque sim.

A paixão foi evoluindo e os materiais, que foram sempre diversificados, foram ganhando outra importância. Houve um investimento de uma vida em materiais, ferramentas e pedras, que foi juntando, pacientemente. Há três anos que está tudo reunido num ateliê, em Algés, onde são criadas e desenvolvidas as peças de design de joalharia.

A curiosidade que tem pelas formas da natureza e materiais diferentes inspiram-na, mas também não deixa de parte as formas geométricas e a sua conjugação, sendo ambos os elementos uma influência. Cria peças com linhas fortes, para mulheres que gostam de arriscar, que são destemidas e primam pela irreverência.

Para além do ateliê, as suas peças estarão presentes, durante o mês de setembro, na Fábrica do Braço de Prata, numa mistura de joalharia e pintura. O cocktail de inauguração acontecerá esta quinta-feira, dia 14, às 19:30. Estão todos convidados!

Morada do ateliê: Av. dos Bombeiros Voluntários em Algés, loja 8 sala B2, arp, no Centro Empresarial de Algés.


Ana Da Rocha Pinto: Facebook e Instagram.

Dói-me tudo!

Não há nada que não me doa. Nada. As pernas, os braços, o rabo, o abdómen. Tudo. E às vezes as pessoas perguntam: mas não é suposto parar de doer, tipo com a continuação? Realmente, eu estou a treinar a sério há 3 anos. Há 3 anos que me arrasto naquela box, que lá deixo a minha alma. Pela lógica da coisa, o corpo estaria habituado e pronto, as dores já não fariam parte. Mas não. Porquê? Porque eu estou cada vez mais forte e isso faz com que queira levantar mais peso, fazer mais repetições, mais vezes durante a semana. Não são dores que matem, só moem um bocadinho. A subir as escadas, a levantar coisas do chão, a entrar e a sair do carro. Enfim. Isto para dizer que, treinar diariamente foi a cena mais espetacular que eu trouxe para a vida, na última década. Acredito que quando me vêem a ganir, a cada movimento, não se sintam assim mega-ultra-super motivados a levantar o rabo do sofá. Acredito e percebo. Porém, é quase pecado que gente com saúde não a estime, treinando e comendo bem. A sério que é. Não temos de ser todos atletas imparáveis… Dói-me tudo, mas eu nunca me senti tão bem (a todos os níveis).

(pre)ocupação

Sempre fui muito preocupada. As coisas ainda não estavam para acontecer e eu já antevia, já antecipava, já achava que ia ser assim ou assado. Não é ansiedade. É uma ocupação prévia, uma pré-ocupação. Que às vezes me angustia. Que às vezes me chateia. Que às vezes me faz perder anos de vida. Por isso, tenho tentado ocupar-me só quando os acontecimentos chegam. Não que tenha deixado de planear o “e se”, nada disso. É antes uma tranquilidade meia ingénua de que a vida sabe o que faz. Sabe quem leva e quem traz. Sabe o que tira e o que dá. Por isso, quando a ocupação chegar, eu ocupar-me-ei dela. Antes disso, seja aquilo que for. Será o melhor que puder ser.