Contra mim falo. Andei anos à procura de alguém que me fizesse sentir bem, sentir melhor comigo, com os meus pensamentos e com o meu aspeto. Estava sempre à espera da aprovação do outro, quando por dentro tudo, ou quase tudo, era muito negro. Eu não era um bom ímpar. Assumo isso com a certeza de que a culpa do fim das minhas relações também foi minha. Não só, mas também. Porque um mau ímpar, nunca pode ser um bom par! Acho que é também por isso que tanta gente mantém relações infelizes. Procura no outro aquilo que lhe falta, numa espécie de complemento. Eu fiz isso muitas vezes [quase sempre]. O resultado? Frustração. Muita. Como é que eu podia estar à espera que a minha felicidade dependesse, exclusivamente, de outra pessoa? Nesse sentido, este caminho que tenho feito tem-me ajudado muito a pensar sobre as razões que nos levam ou não a dividir a vida com alguém. Que direito temos de exigir a outra pessoa que nos complete? Que nos dê o que nos falta? E se ao outro também faltar qualquer coisa? E se nós também não formos capazes de corresponder? Não digo que tenhamos de ser todos perfeitos e sãos. Há gente assim? Mas digo que cada um tem de conseguir estar sozinho, sentido-se inteiro e percebendo que faz tudo o que está ao seu alcance para ser feliz, independentemente de quem chega ou parte da sua vida. Porque aos meus olhos, ter alguém na vida não pode significar menos do que um aumento de felicidade, àquela que já trazemos dentro do peito. Um acréscimo, não um depósito em saldo negativo. Ao dia de hoje, não tenho nenhum medo da solidão amorosa. Mantenho-a com a certeza de que nestes últimos anos me tornei um ímpar muito mais completo, cheio de avanços e recuos, mas com a convicção plena de que há assuntos que não se podem deixar em mãos alheias. Para o meu [nosso] próprio bem.

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