Nunca fui uma pessoa calma. Acho que nunca serei. Ultimamente, porém,  tenho-me sentido mais serena. Não completamente, mas em muitas situações. Em relação à comida, por exemplo, tenho-me sentido muito mais tranquila. Muitas vezes falei com a Dr.ª Catarina sobre ser muito ou pouco permissiva comigo, alimentarmente falando. Tenho-me esforçado por analisar com cuidado se esta serenidade é permissão. Acho que não tem sido. É só uma paz enorme por não me preocupar com o peso, com o facto de alguém me poder achar gorda ou se estou bem ou mal. É quase como se conseguisse sair de dentro de mim e me pudesse observar com a imparcialidade necessária para ser o mais cuidadosa que posso ser comigo própria, sem histerias, sem culpas, sem adições, sem precisar de motivações alheias. Só por me conhecer tão bem (ou cada vez melhor), por me sentir tão bem. Percebo que quem nunca se sentiu dependente do que (de quem) quer que seja não perceba esta sensação, mas não é para essas pessoas que escrevo isto (desculpem lá). Escrevo este texto para todos aqueles que, por alguma razão ou algum vício, estão em luta consigo, com o seu corpo, com os seus fantasmas. O meu vício era (será sempre!?) a comida. Aprender a lidar com isto tem sido um caminho tão duro, quanto compensador. Deixar de estar em luta comigo foi o melhor que me aconteceu. Foi a possibilidade de viver uma serenidade que espero não largar mais. Foi crescer. Muito.

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