Os últimos anos fizeram-me crescer muito, a muitos níveis. Não só mudei o meu corpo, como mudei a minha vida. Passei a gostar mais de mim e a ser uma pessoa menos amargurada, com uma série de coisas. Mas, às vezes, a velha Joana ainda volta. E, sei lá eu como ou porquê, inundo-me numa pena de mim, que me deixa a questionar acerca de um sem número de aspetos muito meus. Como se, por alguma razão, ou algum acontecimento, sentisse, e me permitisse a sentir, pena da pessoa que sou, da mulher que sou. Como se fosse uma espécie de coitadinha, inconsolável, mal tratada.

Quando sinto isto, tento pôr os pés no chão e perceber que estou a ter um ataque qualquer, que não me deixa ver com clareza. Volto a enumerar, na minha cabeça [e no meu coração], todas as razões pelas quais me considero uma pessoa sortuda e feliz, de bem com as escolhas que faço todos os dias. Nestes momentos, sinto sempre muita vontade de comer. É nestas alturas que gostava de gostar de fumar ou de beber cerveja ou de correr não sei quantos quilómetros, só para desanuviar um pouco. Eu não sou assim. A verdade é que eu, em momentos de aflição, ainda pondero devorar um pacote de bolachas, um saco de batatas fritas ou um quilo de gelado.

A comida continua a estar muito associada às emoções que vou sentido, sejam elas alegres ou tristes, entusiastas ou depressivas. O que é que eu concluo? Que este trabalho que tenho vindo a fazer, de um enorme autocontrole e de uma enorme reflexão sobre a forma como lido com a comida, é para continuar até ao fim dos meus dias. Por isso é que nenhuma dieta funcionou comigo. Porque eu nunca precisei de uma dieta. Eu precisei, e continuo a precisar, de perceber que, independentemente do que me aconteça, de bom ou de mau, de muito bom ou de péssimo, a comida deve ser, sempre, carta fora do baralho.

1 Comment on Pena de mim

  1. Parabéns pela sinceridade e simplicidade dos seus posts. E obrigada à ajuda que dá a todos aqueles que têm uma relação perturbada com a alimentação…
    Aterroriza-me pensar que terei de lidar com isto até ao fim dos meus dias e a esperança de superar nunca me abandona… Que consolo pensar que há outros a percorrer o mesmo caminho! E que nos ajudemos!
    Rezo por si, tenha uma boa semana e uma vida feliz

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