Mês: maio 2016

Eu estava descansada, percebem?

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Há uns tempos, um aluno trouxe-me umas bolachas da nutella que eu adorei. Pensei cá com os meus botões: graças a Deus Nosso Senhor que nunca vi tamanho demónio à venda. Quando perguntei ao miúdo, ele disse-me: não existe em Portugal, foi a minha tia que trouxe de Itália. Pronto, eu fiquei descansada. Era menos uma coisinha para me apetecer. Ir a Itália, assim no meio dum apetite, era impensável, portanto, estava tudo alinhado como devia estar. E de repente, pumba: a TV não pára de publicitar o produto, os hipermercados têm cenas do meu tamanho a indicar a secção onde se encontram as ditas. As cabras das bolachas, mega estaladiças, recheadas com a cena melhor do mundo inteiro já estão em todo o lado. Em todo o lado! Como já assumi várias vezes o meu amor por nutella, não há quem não me fale nisto. Assim é difícil, minha gente, muito difícil. Eu, que até sou uma pessoa bastante permeável ao marketing, estou aqui a aguentar-me que nem uma valente. Vamos ver até quando.

Ela é linda com makeup!

Desculpa lá, Agir, a tua música é gira, sim senhora, fica no ouvido, mas uma boa makeup nunca matou ninguém. Não, não, não. Percebo a ideia, juro que percebo, mas há dias que, das duas uma: ou besunto esta tromba com base ou me assemelho à parte de trás de um desastre.

No dia a dia, uso o básico: um pózinho, um pouco de blush e máscara. Fico logo com outro ar, a verdade é essa. Sobretudo no inverno, em que me pareço muito com uma galinha branquela. Eu pareço mesmo, até porque o meu tom de voz… Mas bom, em dias de festa gosto de caprichar.

E há lá altura melhor para investir numa boa maquilhagem do que num casamento? Estou a poucos dias de ir ao primeiro casamento do ano. Demorei a escolher o trapito, mas já me decidi. Dourados e cor de vinho, foram os tons que escolhi. Posto isto, só me imagino com uma boca cor de vinho também.

Mas, como menos é mais, se os lábios já vão carregados o resto tem de ir mais simples ou parecerei uma espécie de palhaço rico, com a cara toda pintalgada. Posto isto, decidi procurar na net algumas inspirações e encontrei umas jeitosas. Constatei que há uma tipa, chamada Adele, que não pode ver nada: roupa da cor da minha, maquilhagem como idealizei. Macaquinha de imitação, pá.

Partilho convosco algumas imagens. Sintam-se no direito de dar a vossa opinião. Podem até mandar-me fotos com bocas cor de vinho, vai que a vossa pesquisa é mais eficiente que a minha? Nunca fiando.
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Esta última, então, não se aguenta de tão linda que está.

Portei-me mal

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Eu punia-me muitas vezes. Vivia a minha existência entre a incontrolável vontade de comer e a punição. Sabia que queria ser magra. Tinha muita fome. Fome de quê? Fome de coisas que nunca me levariam a ter o corpo que queria. Uma fome que ultrapassava muito a fome física. Uma vontade de preencher vazios. [Mas só isto dava um post.]

Vazios preenchidos e montes de buzinas a apitar na minha cabeça e no meu coração. Sons que me faziam dizer: portei-me mal. Portei-me mal outra vez. Tantas vezes. Os meus dias eram muito isto: o mal estar entre a fome, o comer demais e a punição. Quanto mais me punia, pior me sentia, mais vontade tinha de comer, mais odiava o meu corpo.

É claro que pelo meio dos dias havia a escola, os namoros, as saídas. Mais tarde o trabalho e todas as alegrias que vivia por ter esta profissão que escolhi, por exemplo. Mas, quando estava sozinha comigo, confesso, era sobretudo neste meu problema que eu pensava. Eu fazia planos, listas, previsões, promessas. Nada resultava. Nada.

A minha questão era muito mais do que física, eu é que não sabia. Pior do que o meu perímetro abdominal, estava a minha cabeça, a forma como eu vivia e via a minha vida de todos os dias. E todas as vezes que existia para agradar outros, para fazer o que era suposto, para ser quem não queria, num autoengano permanente.

Alguns acharão que era (e sou!) uma pessoa que roçava o fútil, que me preocupava demasiado com o meu aspeto e com a forma como me via. Estarão sempre no seu direito. O que eu vivia ultrapassava, em muito, a futilidade quando o que sentia me comprometia como pessoa, com direito a viver em pleno.

Afinal, eu passava o tempo a achar que me tinha portado mal. A castigar-me. A ser má comigo. Nada [nem ninguém] deve ter o poder de me controlar desta maneira. Portei-me mal? Sim, portei, mas não foi por ter comido. Portei-me mal porque adiei a decisão de mudar, mesmo que não soubesse como. Ou talvez nem aí me tenha portado mal.

Talvez me tenha estado a preparar para o dia de hoje. Para ser mais grata por tudo o que me sinto a cada manhã. Nunca mais do que ninguém. Jamais menos do que quem quer que seja. É, eu nunca me portei mal. Levei foi muito tempo a descobrir que tenho a capacidade de me reinventar todos os dias. Tenho eu e temos todos.

Noodles com bifes de peru

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Ingredientes:
– 200 gr de noodles de trigo sarraceno (comprados no Mercado Biológico do Saldanha);
– 450 gr de peitos de peru, cortados em tiras;
– 1 colher de sopa azeite virgem extra;
– 4 dentes de alho picados;
– 1 mão de cubos de bacon;
– 2 colheres de sopa de molho de soja;
– 1 ovo biológico;
– 1/2 colher de chá de salsa;
– 1/2 colher de chá de estragão;
– Sal e pimenta a gosto.

Modo de Preparação:
1.° Cozer os noodles, numa panela com água a ferver e sal, em lume brando, durante cerca de 5 minutos. Escorrer a massa e passar por água fria para terminar a cozedura;
2.° Numa frigideira grande deitar o azeite, o alho picado, deixar alourar e juntar o peru. Assim que a carne ficar “dourada”, adicionar os noodles, o estragão e misturar bem;
3.° Juntar o molho de soja, mexer e em seguida deixar repousar durante 3 a 4 minutos.
4.° Numa frigideira à parte, fritar o bacon e fazer o ovo estrelado.
5.° Depois de empratado, adicionar a salsa.

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Receita original da Flavougraphy .

Flavougraphy, receitas das boas

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Eu detesto escrever receitas. Peçam-me para escrever sobre tragédias, euforias e coisas que tal, que está tudo bem. Agora receitas? Bah. Gosto de as fazer e ainda mais de as comer. Por isso, perguntei ao Bernardo se gostava de partilhar as suas receitas comigo e, por consequência, partilhá-las também convosco. Ele achou boa ideia e pronto, deu-se início a uma parceria feliz. As receitas que vamos partilhar no blogue prometem ser rápidas e simples de confecionar, saudáveis e, o melhor de tudo, absolutamente deliciosas. Hoje sai a primeira receita. Todas as quartas-feiras sairá uma nova. Já agora, não deixem de espreitar a página desta ideia, que me faz babar só de olhar.

Espreitem tudo aqui .

Espera

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Sempre fui muito impaciente. Sempre. Sempre quis que tudo acontecesse depressa, intensamente. Com a comida, a mais ou a menos, também era assim. Sempre na procura incessante de qualquer coisa, mesmo que não soubesse bem que coisa era essa. Perder peso e ser feliz vem do saber esperar. Esperar com a certeza de que vivências muito boas hão-de chegar. A seu tempo. Sempre.

Isso, gastem o vosso dinheiro todo nessas merdas!

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Há várias dietas e disso já todos sabemos. Há dietas que privilegiam mais um certo grupo de alimentos, outras que excluem alimentos, enfim, há de tudo. Mas há, também, dietas que se baseiam na ingestão exclusiva, ou quase exclusiva, dos alimentos por si comercializados. É criada uma marca, um conceito, e, a partir daí, são elaborados uma série de alimentos que devem ser comidos naquela dieta, para que se consiga perder peso.

Eu já fiz uma dieta destas. Pudesse eu ser eleita como a Rainha das Dietas. Posso dizer-vos que funcionou durante uns tempos e é fácil de perceber porquê: em vez de comer as refeições calóricas que comia habitualmente, passei a comer as refeições daquela dieta. A ingestão calórica era menor, o exercício físico passou a acontecer com maior regularidade, pumba, perda de peso.

Agora, como é que eu pude pensar que aguentaria comer aquela “comida” para o resto da vida? Porque é isso que queremos ou não? Queremos perder peso e não voltar a ganhá-lo. E das duas uma: ou nos habituamos a comer aquilo que nos propõem para o resto da vida, comendo para sempre coisas que sabem todas ao mesmo ou o peso vai voltar. Já para não falar dos preços astronómicos que estas merdas custam. Se há dinheiro que me arrependo de ter gasto…

O que é que aqui é fundamental perceber? É fundamental perceber que se queremos perder peso para sempre, temos de ter um plano alimentar que nos vejamos a cumprir até ao fim dos nossos dias. Ninguém aguenta viver de barras, nem de batidos, nem de refeições pré-feitas a vida inteira. Para se perder peso, sem nunca mais o recuperar, é preciso comer comida a sério: alface, atum, ovos, frango, maçãs, morangos (estou a assumir que não há vegetarianos a ler isto).

Quantos quilos de legumes e fruta se comprariam com o valor de uma embalagem de barras de não sei quê? Quantos? Quantos tipos diferentes de frutos secos? Eu não tenho nada de controlar a carteira de ninguém, mas se emagrecer é o vosso objetivo, deixem-se de modas e guardem o vosso dinheiro para gastos que valham verdadeiramente a pena. Pagar a mensalidade de uma prática de atividade física bem acompanhada, por exemplo. Ai, se eu mandasse!

Resumindo

Eu sei, eu sei que esta semana mal escrevi, eu sei. Podem começar a fazer a fila para a tareia coletiva, que é o mínimo que eu mereço. Isto porque acredito que um dia sem uma publicação nova é um dia mais triste nas vossas vidas e, portanto, esta semana foi um pequeno inferno para todos vós, meus fofuchos. Mas bom, eu vou justificar-me como posso.

Fiquei atordoada com a vitória gigante do meu clube. Foram festejos e festejos, uma alegria tão grande que me ia sentindo mal. Gosto sempre que o meu Benfica ganhe, mas este ano a vitória teve um gosto especial. Venha a lagartagem dizer que o melhor não ganhou e o caraças, que eu não quero nem saber. Ganhámos e pronto e eu fiquei mesmo, mesmo feliz.

Na quarta-feira foi a festa de final de ciclo dos meus 24 filhos. Para além de ter apanhado uma carga de nervos com os ensaios, adereços e todas as preparações, no dia da festa houve lágrimas às carradas. Chorei, chorei que quase me matei. Sou professora destes miúdos há quatro anos e a ideia de me separar deles parte-me o coração aos bocadinhos. Sou uma piegas do pior, assumo, mas não sei ser diferente.

Nas últimas duas semanas treinei menos porque me magoei. Nada de sério, mas tive algumas tonturas e um mal estar geral que me impediu de treinar tanto como costumo. Esta semana voltei aos treinos a sério e o meu corpinho, que se acostuma logo ao descanso, até guinchou de dores. Chegar a casa, tomar banho, secar-me, vestir o pijama, deitar-me, foram ações feitas com enorme esforço físico. Mesmo.

O pior de tudo nesta semana? É que comi mal para caraças. Hambúrgueres, gelados, bolos e mais uma porradona de coisas. A emoção e a ansiedade ainda me fazem perder o pé facilmente. Porque eu vivo tudo tão intensamente que me sugo a mim própria. Só sei ser assim. Podia acrescentar que para além de ter trabalhado e treinado que nem uma desgraçada, esta foi uma semana de TPM e que isto tudo junto me fez os nervos em fanicos, mas estaria apenas a arranjar mais uma desculpa.

Resumindo, e centrando-me nisto que é uma tentativa de manter um estilo de vida saudável que perdure no tempo: há semanas boas, em que consigo fazer boas escolhas alimentares, que consigo resistir às tentações que pairam à minha volta e que tudo parece correr bem. Há outras, em que tudo se assemelha a um inferno, em que parece que abri uma pastelaria dentro da minha própria existência e que me perco neste meu caminho.

No final? No final fica sempre tudo bem. Porque hoje eu não me culpo por ter comido e não entro numa espiral de devaneio a achar que deitei tudo a perder, comendo sem parar por tempo indeterminado e engordando tudo outra vez. Como fazia antigamente. Hoje eu analiso as minhas atitudes, aceito-as e sigo. Não é numa semana que estrago tudo. Nem estou preocupada com o facto de ter engordado ou não. Esta liberdade de pensamento demorou-me anos a conquistar e eu acredito profundamente que é mais eficaz na perda de peso que qualquer dieta.

Barulho de fundo

Vai sempre haver gente a tentar desviar-te dos teus objetivos. Alguns farão isso sem querer, outros farão intencionalmente. Resta-te a persistência e a certeza de que tudo o que fazes, fazes realmente por ti. E, se as tuas convicções forem quase inabaláveis, nenhum ruído te descentrará. Mas atenção: não te alheies ao ponto de te tornares incapaz de olhar para a realidade com tanta racionalidade, quanto deslumbramento. Apenas não te deixes afetar pelo barulho de fundo. Ele existirá sempre. Aprende viver com ele.

Fortaleza

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Quando comecei a mudar, dei início à construção de uma fortaleza. Uma fortaleza que fui construindo, aos poucos, à minha volta, para que me pudesse conseguir proteger de tudo o que já me tinha magoado. Houve um dia em que prometi a mim mesma que nunca mais deixaria que alguém me fizesse sentir aquilo que já tinha sentido de mau e achei, na minha inocência, que uma fortaleza bem construída era a solução. Por isso, dediquei-me a ela com muito afinco. Ao mesmo tempo que ia erguendo os muros, ia ficando mais forte. Mais capaz de saber lidar comigo. Mais capaz de saber lidar com as minhas frustrações e também com as minhas conquistas. A fortaleza foi subindo e eu fui-me sentindo cada vez mais protegida, cada vez mais metida comigo mesma. Porém, fui levada a questionar o nível de autoproteção. Talvez me tenha fechado demasiado sobre mim própria. Talvez me tenha tornado mais distante, mais individualista. Como se tivesse passado para o outro extremo. Neste processo, que só posso viver comigo, tenho crescido muito, a muitos níveis. Talvez até seja suposto passar por isto. Talvez. Porém, como em tudo na vida, procuro o equilíbrio. Continuar a ter a capacidade de viver com tudo o que a vida tem para dar: o bom e o mau. Porque um dia, será o dia de sair de dentro da fortaleza e nesse momento espero ser, finalmente, uma melhor versão de mim.

[Desculpa, de coração.]