Cresci com os filmes da Disney. Cresci a acreditar que, mais cedo ou mais tarde, apareceria um príncipe e tudo ficaria bem. Tudo? Fosse o que fosse. Aquele homem, lindo de morrer, chegaria para me curar de todos os males. Apaixonar-se-ia de morte por mim, e eu por ele, pedir-me-ia em casamento e, juntos, teríamos uma casa com jardim, filhos e um cão. Ou dois.
Com o passar dos anos, a ideia do príncipe foi esmorecendo e eu comecei a perceber que a Disney me tinha enganado anos a fio. Senti-me traída, mesmo. Bolas, mas não era suposto eu estar numa aflição e aparecer o dito, num cavalo branco, ou numa mota, ou num carro, vá, salvar-me e fazer-me feliz para sempre? Não era suposto?
Pelos vistos não. Pelos vistos, a minha sina de princesa dos tempos modernos é apaixonar-me, uma e outra vez, partir a cara e seguir caminho como se nada fosse. Ser salva? Ele é que me atira para o buraco. A intenção dele é tudo menos salvar-me. Mas bom, será disso que eu estou verdadeiramente à espera? De ser salva?
Se analisar as coisas direitinhas, tal como são, eu também não encaixo no perfil de princesinha aflita, frágil, à espera do salvamento milagroso. A verdade, é que sempre me habituei a fazer as coisas por mim. A conseguir as coisas por mim e pelo meu esforço. Talvez seja por isso que Ele não aparece. Porque eu não preciso de ser salva de nada. De que é que preciso, então? Como será esse príncipe que espero? Será que ainda espero?
Talvez eu não seja mesmo uma princesa e, por isso, não possa continuar à espera de um príncipe. Pelo menos como aqueles que a Disney me fez acreditar que existiam. Talvez eu precise só de alguém que me salve, às vezes, mas que também seja salvo por mim. Que perceba que tão depressa sou a pessoa mais forte do mundo, como, de repente, preciso de me aninhar o seu colo e chorar um bocadinho. E o contrário também.
É isso. Se calhar não sou uma princesa. Sou só uma miúda comum. Por isso, vou parar de imaginar o príncipe que espero desde miúda. Porque ele não existe. Existe, algures no mundo, um miúdo comum que gostará de mim, e eu dele, muito, precisamente por isso. Por sermos ambos pessoas comuns, fortes e fracas, valentes e medrosas, bonitas e às vezes menos bonitas, seguras e vacilantes. Afinal a Disney não me enganou. Só me ensinou a distinguir a fantasia da realidade.
Estoy sorprendido de encontrar este blog. Quería daros las gracias por redactar esta maravilla. Sin duda he saboreado cada pedacito de ella. Os te tengo en la lista para ver más cosas nuevas de esta web .