Eu preciso muito de dormir. Preciso mesmo. Se há uma noite em que não durmo tão bem ou tanto como devia, o dia seguinte é um verdadeiro inferno. O meu feitio, que nunca é bom de assoar, fica aguçado e a minha cara deixa transparecer que todos os pensamentos que me inundam a mente estão relacionados com o ato de dormir. Quando nasci, não dormi durante um ano. A minha mãe também não. Sempre que se vêem essas fotografias percebe-se que a minha pobre mãe estava à beira de um colapso, comigo sempre aos gritos, a implorar por mama. Não consigo imaginar o inferno, meu Deus. A minha mãe está sempre a dizer que me deseja uma filha como eu: espetacular e coiso, mas que não durma um ano, para que eu perceba o que dói. Sei que não diz isso de coração, porque sabe que se isso acontecer lhe darei o bebé para as mãos e ela que se amanhe. E por que é que estou a falar em bebés? Não sei. Juro que não sei. Devem ser os trinta a chegar e o relógio biológico a enlouquecer. Ou então, tenho só muito sono, porque não dormi bem nas últimas noites. É, é isso.

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