Há dias, uma leitora pediu-me dicas para não desistir. Não desistir de comer bem, não desistir de se exercitar, não desistir de cuidar de si. Perguntou-me o que é que faço para manter o foco. Eu, que desisti tantas vezes, respondi-lhe que desistir faz parte do processo. No meu caso fez. Eu desisti muitas vezes. Tantas. Dava por mim, infeliz com a dieta, farta do esforço de me mexer mais, mandava tudo à merda e voltava a comer. Eu desisti mesmo muitas vezes. Mas, sei lá porquê, tentei sempre de novo. Acho, também, que eu sou assim. Teimosa. Casmurra. Obstinada. Por isso continuei a tentar. A desistir e a tentar. Até que houve uma vez, que dura até hoje, em que não desisti mais. As coisas começaram a fazer sentido, a minha cabeça arrumou-se, o meu corpo começou a reagir, a estreitar, e eu comecei a entusiasmar-me. E é isso que me continua a entusiasmar: as mudanças no meu corpo. Olhar para ele, num exercício de puro narcisismo, é que me faz não querer desistir. Acho que aprendi que quando desistia não estava a desistir da dieta, estava a desistir de cuidar de mim. Estava a desamar-me. Isto é, sobretudo, uma questão de amor próprio. Continuo a ter dias difíceis, em que me apetece devorar bolos inteiros, mas há qualquer coisa dentro de mim que me diz para não o fazer. Não sei de onde vem essa voz, mas sei que existe. Desistir é um ato de desamor. É uma escolha. E neste momento eu não tenho, nem me permito a ter, outra opção.
Desistir
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tal e qual identifico a 100% há um dia que vira o hoje e vira o amnhã e quando damos por nos ja passou um mês que julgariamos nao passar e outro e outro mes…começamos a gostar de nso sentir saudaveis =)