Dizia-me, no outro dia, a moça que me arranja as sobrancelhas: nossa, você era bem fortezinha, ãh? Eu derreti-me toda. Porque a adoro e porque ela fala aquele português açucarado, que torna tudo o que diz muito mais doce. (E as saudades que eu tenho dum doce?) Porém, eu sou adepta de chamar os bois pelos nomes. Eu não era nem forte, nem fortezinha, nem cheiinha, nem rechonchuda, nem larga de osso, nem roliça, nem gorducha, nem balofa, nem anafadinha, nem maciça, nem fofinha, nem o raio que me parta. Eu era gorda, mesmo. O meu corpo era composto, na sua maioria, por gordura. Por isso, o que eu era, era gorda. Custou-me muito a admitir isto. Isto de ser gorda. Porque sempre tive tendência para desvalorizar aquela minha condição, não a queria aceitar. Também eu recorri aos mais variados eufemismos, com medo de usar a palavra certa, por me faltar a coragem de lhe dar a importância que tinha (e ainda tem). Eu era gorda. E só quando me consciencializei disso é que comecei a mudar. Porque a mudança de raiz não pede meias palavras, nem meias medidas. Pede tudo de uma vez, para que funcione, assim desejo eu, para sempre.
Eu era gorda, mesmo.
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Não me digas nada, que eu ainda me vejo uma bola e ainda este mês vou por aparelho….
Como te entendo.. também demorei muito tempo a admitir que não era “gorducha”, mas sim “gorda”. Ainda hoje essa palavra me machuca… E depois de ter perdido 12kg e nunca mais os ter recuperado por completo ainda me sinto a “miúda gorda da sala”! Agora que ganhei 7 kg extra e que tenho de os perder novamente, nem sei por onde começar.. mas nunca mais me quero sentir assim, embora ache que isto é uma condição que nos persegue psicológicamente para sempre!
Antes demais quero dizer que sou super fã do Blog! Parabéns! É mesmo muito bom e parto me a rir com o que escreves…oh meu deus! como me identifico lolol
Relativamente a este post…devo dizer que também me diziam muitas vezes ” tu não és gordinha…és só mais cheinha de anca” ou então ” és mais larga de ossos” WTF?? Eu era gorda mesmo…é simples!! Beijinhos, Soraia Rodrigues
As primeiras vezes que me chamaram gorda bati em quem o disse. Mesmo. Miúdos de 12, 13 anos. Era mais “és uma gorda nojenta, monte de banha” – claro que tive que me defender. 😡
Mais tarde, lembro-me de um amigo me dizer: “não és gorda, és muito mulher!” – também me apeteceu fazer-lhe um moche para ele se sentir esmagado por uma muito mulher.
Atualmente já ninguém diz nada. Acho que a minha condição de mãe e casada me deu aprovação para ser uma gorda eterna. Go to hell, estão tão enganados!
Identifico-me mas acima de tudo temos de nos identificar com o que somos!
Eu à 7 anos pesava 140kgs, com muito treino e reeducação alimentar, consegui perder 70kg em 4 anos!
Actualmente ando a treinar para a minha primeira maratona!
Meninas, sejamos felizes, gordas ou não, é isso que realmente importa!