Ultimamente tenho ouvido muito esta frase: quem me dera ter essa força de vontade! Pois apraz-me dizer que a força de vontade não foi algo que nasceu comigo, nem veio em nenhuma pílula dourada. A força de vontade trabalha-se e dá mesmo muito, muito trabalho. Eu sempre fui um zero em tudo o que implicava mexer-me mais do que era suposto. Tive sempre negativa a educação física e era sempre a última a ser escolhida para as equipas dos torneios da escola, por exemplo. Também sempre fui conhecida por saber da existência de todas as merdas iguarias alimentares, no minuto em que saíam no mercado. É facil de perceber que esta veia de calona esteve comigo grande parte da minha vida. Força de vontade? Esse poder sobrenatural que parece que carrego comigo, como se fosse um acessório de moda ou coisa que o valha. Aqui a questão é só uma: quero ou não quer ser saudável? Só há duas opções: sim, quero ou não, não quero.
Vou começar pela resposta negativa. Pois bem, não quero ser saudável. Vou continuar a comer tudo o que me apetecer, ou a não comer nada, sem me preocupar muito com o meu aspeto, muito menos com a minha saúde. Vou mexer-me o menos possível. Vou lamentar-me pelo meu estado. Vou sobrevivendo assim, ficando cada vez mais infeliz, aumentando o problema. (Eu estive nisto muito tempo, ãh?) Agora a resposta afirmativa. Ok, eu estou gorda, é um facto, pouco saudável, subo um lance de escadas e quase vomito um pulmão. O que é que eu vou fazer para inverter esta situação?
Em primeiro lugar, vou tomar a decisão de mudar. E não vou esperar que seja segunda-feira, nem dia 1 do próximo mês, nem que o Benfica seja campeão. A partir do momento em que decidir mudar, começo mesmo a mudar. Decisão tomada, é preciso arranjar um plano. Porque uma coisa destas já é difícil com plano, quanto mais sem saber o que fazer. Em terceiro lugar, talvez seja importante arranjar ajuda especializada. Doutra forma talvez comece por cortar os alimentos que acho que me engordam e cair numa dieta demasiado restritiva, pouco duradoura e que, a curto-médio prazo, me fará engordar tudo de novo. Ou mais ainda. Depois é muito fácil, cof cof, é só fazer o que quem sabe me diz para eu fazer. É encontrar uma atividade física que me agrade e fazer alguma coisa por mim abaixo. Ou acima, tanto faz. É preciso é fazer alguma coisa.
Durante todo este processo, haverá momentos em que a força de vontade estará na loucura: quando perder um quilo, quando conseguir fazer uma série de burpees seguidos, quando me disserem que estou muito diferente. Haverá outros em que a força de vontade andará pelas ruas da amargura: depois de um dia mau, depois de uma zanga com alguém, depois de um desgosto de amor, depois de uma perda. No final, quem conta sou sempre eu e o que faço com as coisas que me vão acontendo. E aí também só há duas opções: ou me deixo engolir pela vida ou engulo eu a vida, tornando-me numa pessoa tão satisfeita, tão repleta de tudo o que é bom, tão cheia de força de vontade. É simples.
Uau ! ! !