Detesto ir ao médico, detesto! Não gosto que me façam certas perguntas, não gosto de medir a tensão, não gosto de me pesar. Quando vou ao médico, seja ele de que especialidade for, fico sempre com as mãos a suar. Tenho sempre um medo miudinho que através de uma simples observação me descubram uma maleita qualquer. Sou uma maricas. Hoje, aconteceram-me estas coisas todas.

O médico era amoroso e fez-me perguntas muito simples de responder: Vê bem? Ouve bem? Sente alguma dor? Pacífico. Mediu-me a tensão, perguntou-me qual a minha altura e depois…? E depois perguntou o meu peso: “Vá, ponha-se aqui em cima da balança!” (O que ele não sabia, e eu também não lhe disse, é que estou num processo de reaproximação entre a minha pessoa e a balança.) Quando dei por mim estava no fim de um dia de trabalho, vestida e calçada em cima de uma balança. Antes que conseguisse olhar para o número que aquele objeto maléfico marcava, o médico disse-o em voz alta!? Aquele número ecoou durante milésimos de segundo na minha cabeça: “É assim tão mau? Pensa, Joana, pensa!” E não, não foi assim tão mau… Não foi o meu melhor, mas também não foi, nem por sombras, o meu pior. Uff.

A consulta terminou com o médico a afirmar que está tudo bem comigo, desejando-me imensas felicidades. Ao contrário de mim, ele não ligou minimamente ao número da balança. Afinal, não passa de um dado médico como outro qualquer… Mesmo que meio mundo nos queira fazer acreditar que é esse dado (in)significante que nos torna mais ou menos competentes, mais ou menos espertos, mais ou menos bonitos, mais ou menos amáveis… Não é.

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