Eu tenho uma amiga, que é mesmo muito minha amiga, que só come merdum. Ela come hambúrgueres, sushi e petiscos sempre que lhe apetece. Ela é magra, tem uma barriga de fazer inveja. Diz ela: eu sempre fiz muito exercício e as células têm memória. Incomodada com a alimentação que a miúda leva, falei com o namorado. Sim, que isto de ser magra por fora é uma coisa, por dentro é que são elas! Disse-me ele: ainda bem que a chamas à atenção. Às vezes, em casa, encontro pacotes de batatas fritas de presunto nos sítios mais estranhos. Ela come mal, come mesmo. Olha, uma luta que tive com ela foram as natas… Nesse segundo, a minha amiga, que esteve quase calada até então, diz: vês? Eu estou mesmo muito melhor. Eu até já cortei nas natas. Antigamente punha natas em tudo, agora ponho só nalgumas receitas. E tivemos de nos rir, não é verdade? Mas como é que aquela cabeça pode achar que tirar as natas já a faz ter uma alimentação menos má. Ultimamente, se passa por mim com merdum nas mãos, esconde, que o respeitinho é muito bonito e eu gosto. Mas o que eu gostava mesmo, era que a minha amiga parasse de usufruir da genética, se mexesse um pouco mais e comesse melhor. Porque é minha amiga e porque tem direito a viver com qualidade. Ela diz que as análises estão TOP, mas eu não sei… Bom, agora sempre que falamos em comida eu digo: ainda bem que já deixaste as natas! E é um fartote! Talvez, mais dia menos dia, deixe outras coisa também. Aí, será missão cumprida. Até lá, só dores de barriga de tanto rir (a minha barriga dói mais que a dela, porque eu faço abdominais até à morte e ela não. Só para ficar este registo, ok?).
Autor: Perna Fina
A urgência de saber parar e não fazer nada!
Há pessoas que não sabem parar e estar quietas, sem fazer nada. Isto pode parecer tonto, mas eu vou tentar explicar que não é.
Vejo isto nalguns alunos meus: todos os dias fazemos um momento de quiet time e há miúdos que, simplesmente, não conseguem estar quietos uns minutos.
E perguntam sempre: o que é que vamos fazer a seguir? E depois? E isto preocupa-me. Há adultos assim: que têm mil afazeres, que nunca param.
Eu já fui assim. Era tudo depressa, tudo a correr. Tinha de estar ocupada. A comer também era assim, tudo numa sofreguidão pegada, sem parar para pensar e ver-me.
Saber não fazer nada pode ser doloroso. Ficarmos apenas sentados, com os nossos pensamentos, com as nossas dores, sem TV, sem música, sem Instagram.
Tenho-me dedicado a este exercício mais vezes que nunca e tenho percebido que me dava pouca atenção. Porque há sempre qualquer coisa para fazer… Ou havia.
É urgente saber parar. Sem distrações. Ficar sentada, ou deitada, a pensar, a sentir, a planear. É urgente saber lidar com o que está cá dentro.
Saber esperar é uma virtude, diziam-me quando era pequena e eu nunca percebi porquê. Saber parar é uma virtude, diria eu. No meio do caos, é difícil crescer.
É possível, mas não de forma tão profunda, não tão sentida. Não precisa de ser durante horas, o tempo dependerá da necessidade de cada um…
É urgente parar. É imperativo saber parar.
Adeus, cabelo!
Cortei metade do meu cabelo. Eu, que sempre me imaginei loura, de cabelo comprido, magra, muito magra, e bronzeada a maior parte do tempo. Cortei metade do cabelo e estou a adorar esta sensação de leveza. Porque, às vezes, achamos que nos vamos sentir felizes de uma determinada forma e afinal não. E ser leve, não é só uma questão de peso. É, também, a capacidade de arriscar sem medo, de inovar, de mudar. Esta mudança de visual ainda não acabou, mas, até agora, está a valer. Dizem que quando uma mulher corta o cabelo está prestes a mudar de vida. Eu já estive mais longe de o fazer…
“A força está em si.”
Ontem celebrou-se o Dia Internacional do Cancro da Mama. Por que é que estes dias são importantes? Porque a maioria de nós se preocupa com as mamas, “apenas” pelo seu aspeto: Têm estrias? Estão descaídas? São iguais? São durinhas? E as nossas mamas merecem mais atenção que isso. Sim, todas queremos ter um par de mamas que sim senhor, mas as nossas preocupações, relativamente a esta parte do corpo, devem ir muito além do seu aspeto estético.
Por isso, estes dias são tão importantes. Para nos relembrar que devemos ser atentas ao nosso corpo, que devemos fazer os exames e os rastreios. Todos os anos surgem, em Portugal, cerca de 6000 novos casos de cancro da mama. É o cancro com maior taxa de incidência e que mais mata no nosso país. Não é uma brincadeira. É mesmo um assunto muito sério.
A Dama de Copas, marca pela qual tenho muito carinho, começou este mês uma parceria com o Fundo iMM-Laço. A imagem da campanha é Ana Cardoso Santos, que foi diagnosticada com cancro da mama e mais tarde com cancro metastático que, numa sessão fotográfica, assumiu a personagem de uma amazona guerreira.
A inspiração para esta campanha foram todas as mulheres-guerreiras que vão à luta, com a intenção de vencer o cancro. E como todas as guerreiras precisam de uma armadura adequada, o sutiã desportivo da marca é o destaque desta campanha. Eu uso-o todos os dias e por isso sei que é um sutiã resistente, forte, que protege a mama e imobiliza o peito mesmo em atividades de alto impacto, mesmo nos treinos loucos que faço.
Por cada sutiã desportivo vendido até 31 de dezembro de 2018, a Dama de Copas doará 10% do seu valor para o Fundo iMM-Laço, que apoia todos os anos projetos de investigação na área do cancro da mama, com o intuito de ajudar cada vez mais mulheres a prevenirem e ultrapassarem a doença. O soutien desportivo está disponível em vários tamanhos, modelos e cores.
Podem ver o vídeo da campanha AQUI. Podem também (e devem!) visitar as lojas da Dama de Copas e usufruir de um aconselhamento personalizado, com vista à descoberta do sutiã no modelo e tamanho certos para o vosso peito. Sim, porque a grande maioria de nós anda com sutiãs errados, o que não nos dá saúde nenhuma. Vamos ajudar?
Parar?
Perguntam-me muitas vezes: Quando é que vais parar? Parar? Como assim? Parar de comer bem? Parar de treinar? Parar de me massajar toda? Parar? Eu não quero parar. Porque se um dia eu parar, eu corro riscos. A parar, seja lá o que isso significa, será por motivos de força maior, que neste momento [🤞🏻] não existem. Parar? Olhem para as fotos, por favor! Acham que alguém que muda desta maneira pensa em parar? #mudaporti
Ajuste de contas
Eu raramente me arrependo das coisas que faço. Muito raramente mesmo. Mas arrependo-me de ter entrado em modo bar aberto em agosto. Arrependo-me porque, apesar de fisicamente não ter mudado grande coisa, a minha cabeça sentiu imenso. Percebi, com ainda maior certeza, que esta doença que eu tenho, vamos lá chamar os bois pelos nomes, não é uma brincadeira. Se eu me permitir a dançar fora do plano por dias a fio, mesmo que o corpo não sofra, a cabeça [e a alma] fica a apitar duma maneira que me desorganiza, sem necessidade nenhuma. Deixar esta vida que eu tenho hoje, por outra que acho que é mais despreocupada e menos exigente, é uma ilusão. Eu sou indiscutivelmente mais feliz a comer bem e a treinar muito. Nenhuma sobremesa, nenhum restaurante bom, nenhuma experiência gastronómica vale mais do que o meu equilíbrio. Não estou com isto a querer dizer que a minha vida está fadada a comer o que como todos os dias, mas se assim fosse, talvez não morresse de desgosto. Talvez. Acho que não vale a pena ter outro mês a brincar ao faz de conta. Porque no fim de contas, o que conta, é o que me faz sentir bem. Nunca o contrário. #mudaporti
Sobre o esforço
Hoje foi o dia perfeito para não me mexer: trabalhei muito e estive naquela fase do mês feminino em que me apeteceu partir a cara a qualquer ser que olhasse, sequer, para mim de uma maneira que não me agradasse tanto. Eu estive mesmo pronta para fazer uma massa com bacon e natas, comer até deitar pelos olhos, e enfiar-me na cama a ver séries. Isso foi o que o meu corpo inchado e molengão me pediu o dia todo.
Porém, se eu desse sempre ouvidos às sensações que o meu corpo me transmite, ainda estaria obesa. Ainda estaria a desdizer a minha imagem e a lamentar o facto de nunca mais celebrar a conquista dos objetivos que sempre quis. Por isso, e com muito sacrifício, lá me arrastei para o treino. Lambi aquele chão. Lambi-o de fio a pavio, até ter a certeza que não deixava nada por limpar. No final? Senti-me muito melhor do que estava antes.
Agora, já na cama, a escrever este texto, percebo que a massa com natas não fez assim tanta falta, que as séries ainda têm lugar e que o meu corpo mais não passa do que uma criança mimada a quem não se pode fazer as vontadinhas todas. O esforço compensa sempre. Sempre. E mesmo que não consiga dar sempre o meu máximo, preciso, no mínimo, de ter a certeza que fiz por valer a pena. Hoje fiz.
Aprende
Aprende: deves ouvir mais do que falas.
Aprende: deves calar-te mais do que te comprometes.
Aprende: deves agir mais do que apenas pensas ou supões.
Aprende: deves esforçar-te mais do que achas necessário.
Aprende: deves fazer mais perguntas do que dar respostas.
Aprende: deves perceber mais antes de lançares as críticas.
Aprende: deves tentar mais vezes do que aquelas que desistes.
Aprende: deves andar mais para a frente do que olhar para trás.
Aprende: deves ser tu mais vezes, mesmo que os outros não estejam preparados para ti.
Mas protege-te o suficiente. No final, até a tua barriga, que é tua, às vezes te dói.
Sobre um tempo interno
Passamos a vida a dizer que não temos tempo. Eu era uma dessas pessoas. Ainda sou um pouco. Ultimamente, tenho-me esforçado para ter tempo comigo e o que tenho vindo a descobrir, é um tempo muito valioso, que eu não conhecia. Nunca me tinha permitido a viver, porque estava incapaz de fazê-lo.
Eu não gostava de estar sozinha comigo. Os meus pensamentos, as minhas angústias, os meus medos, estavam sempre a minar a minha paz. Eu era (ainda sou) muito ansiosa. Acho que esta ansiedade foi crescendo comigo e que era uma das causas que me levava a comer. A comer muito, sem pensar. Para sentir. Para me acalmar.
Eu queria estar sempre com gente à minha volta, precisava do barulho alheio, para me esquecer do meu silêncio podre. Porque quando estava sozinha, fazia disparates, maltratava-me. Odiava a pessoa que era, a minha imagem, o meu corpo. Detestava o sentimento da falha permanente, da impossibilidade de atingir os meus objetivos, que não passavam de sonhos.
Este trabalho, de estar sozinha comigo, tem sido muito interessante de se viver. Aos poucos, tenho dado por mim, sozinha, a perceber que estou tranquila. A sentir que está tudo bem, e o que não está, ficará. Dou por mim a ter a certeza que já não estou em luta comigo, a maior parte do tempo, e, por isso, consigo lidar melhor com os meus pensamentos, com as minhas vontades e com os meus receios.
Isto vai muito além de se estar gorda ou magra. Está acima do amor dos outros, do trabalho de todos os dias, das responsabilidades que se têm de cumprir. Este tempo interno existe na mesma proporção que me sei ser. Ser pessoa que não precisa de compensações externas para se conseguir serenar, nem para lidar com as dificuldades dos dias.
Não me perguntem como é que isto se consegue, porque eu não vou saber explicar. A única coisa que eu sei é que este autoconhecimento me tem trazido a capacidade de tomar melhores decisões, me tem feito ser audaz, me tem possibilitado ser melhor (comigo) a cada dia que passa. Estar magra, ou lá o que é isto que estou, é “só” uma consequência deste trabalho.
Porque no fim de contas, independentemente de todas as pessoas que passam ou passarão na nossa vida, há uma que perdurará no tempo até ao fim: nós mesmos. Eu não sabia viver comigo. Ainda estou a aprender. Estou a melhorar. Sabe bem. Que perdure no tempo e que eu não me esqueça mais do bom que é viver sem uma guerra interior.