A minha barriga foi sempre a parte do meu corpo que me entristeceu mais. Pote de Banhas foi uma alcunha que tive durante muito tempo. Po-te-de-Ba-nhas. Ouvir aquilo doía muito. Doía ainda mais pela sua origem. Eu gostava de um miúdo da minha turma. Ele era popular, giro, tinha imensas miúdas atrás dele. Eu caí na asneira de dizer a uma colega que gostava dele. Eu achava que ela era de fiar. Ela contou a toda a gente e, no dia seguinte, eu tinha um bilhete na secretária onde estava escrito, com a letra do tal tipo: Achas mesmo que eu ia gostar de um Pote de Banhas? Eu tinha 12 anos. Eu nunca me esqueci disto. Por isto, e por tantas coisas mais, eu tenho orgulho nestes pequenos quadrados que estão a nascer na minha barriga. Sei que quem sempre foi magro não consegue entender isto e eu aceito-o. Não é para essas pessoas que escrevo, desculpem. Escrevo para todas as pessoas que passaram ou passam pelo mesmo que eu passei e que sonham com o dia da mudança definitiva. A miúda de há uns anos nunca imaginou que isto fosse possível, mas foi. É!

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