Há pessoas que adoram o pequeno-almoço. Outras que deliram com os almoços que se prolongam pela tarde. Há ainda quem se passe com jantaradas até altas horas. Eu adoro todas as refeições. Adoro comer de manhã, a meio do dia, à tarde e à noite. Sou uma moça de grande apetite e não o nego. Gosto muito de comer. Facto. Porém, desde que mudei de vida que os jantares passaram a ter uma atenção especial.

Durante muitos, muitos anos, eu passei o tempo a privar-me de comer durante o dia. Foi quando comecei o ciclo das dietas, aos 16 anos. Espalhei aos sete ventos que ia emagrecer, que queria emagrecer e, por isso, passava o dia numa profunda contenção. No secundário, meses a fio, eu almocei uma sopa e uma peça de fruta. Eu achava que era por passar fome que ia emagrecer.

O que é que acontecia depois? Chegava ao fim da tarde com uma fome, que nem Deus Nosso Senhor me valia. Ninguém me valia. Só o pão com manteiga, os bolos de pastelaria que comia a caminho de casa, os menus de hambúrgueres, os pacotes de aperitivos de queijo. Foi nesta altura que comecei a desenvolver um comportamento de compulsão alimentar. Foram muitos anos de sofrimento. De privação e de exagero, numa angústia que me parecia não ter fim.

Chegava a casa e comia mais. Jantava o que havia para jantar, porque a minha família não me controlava nisso (talvez o devesse ter feito). Resultado? Eu nunca consegui atingir os meus objetivos porque, na verdade, o meu comportamento era tudo menos equilibrado. Emagrecia e engordava. Engordava e emagrecia. Vezes sem conta. Vivia numa permanente frustração comigo própria. A desejar coisas que me pareciam impossíveis.

Hoje, e depois de muitas consultas e de muita reflexão, percebo que eu fazia tudo ao contrário. Hoje é durante o dia que me alimento de tudo o que devo. Como pão, iogurtes, legumes crus, frutos secos, fruta fresca, carne, peixe, ovos, tudo isto. Para além das refeições principais, faço um lanche a meio da manhã e dois durante a tarde, o segundo pouco tempo antes de treinar.

Ao jantar, como muito, muito pouco: um prato de sopa e um ovo cozido, uma lata de atum com legumes, uma omeleta… Vegetais e proteína, sem muitos exageros. Porque a verdade é que janto muito pouco tempo antes de dormir e tudo o que comer me vai parar à anca. Por isso, não vale a pena inventar muito. Eu continuo a adorar jantar e dou a vida por uma tarde de petiscos, mas não posso fazer disso um hábito.

Antigamente eu ficava super frustrada por perceber que não podia comer certas coisas sempre que me apetecia. Que tonta! Agora eu percebo que eu não tenho de fazer esta escolha, se assim o entender. Mas o que eu percebo também, é que é muito mais importante me sentir bem comigo, vestir as roupas que gosto e ser confiante, do que comer arroz à noite. Muito, muito mais.

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