Trata-te como se fosses de edição limitada. Porque o és, na verdade. Não há ninguém igual a ti. Não há ninguém que sinta as coisas da mesma forma que tu, porque isso é impossível. Tu és tu, única, insubstituível. Por isso, trata-te assim desse jeito, como uma edição de luxo, às vezes frágil, mas sempre valiosa. Cuida-te. Estima-te. Arranja-te. Mima-te. Todos os dias. E deita-te, à noite, com a certeza de que foste verdadeiramente tua amiga. De que fizeste o bem: bem a ti, bem aos outros. E acorda, no dia seguinte, com a mesma vontade. Com a mesma garra. Com a mesma segurança. Se, por acaso, num dia ou noutro te levantares menos crente, nunca, mas nunca, te esqueças que o mundo precisa de ti. Que disparate? Achas que é um disparate? É, sem ti a terra vai continuar a rodar, mas não será a mesma coisa. Porque tu, tu és uma edição limitada, a melhor versão de ti mesma, e o mundo, esse, é um lugar melhor só por existires e seres assim. Valoriza-te!
Mês: outubro 2016
Sonhos
Passei a noite a sonhar com bolos, que via e comia bolos deliciosos. No sonho apareciam, sobretudo, croissants de ovo, de amêndoa, de chocolate. E eu comia, comia. Acordei a lamber os beiços e fui ao Google ver o significado de sonhar com bolos cheios de bom aspeto. Pelo que li, significa tudo o que há de bom, a todos os níveis. Eu vou esperar que sim, que seja presságio de tudo aquilo que a internet diz, mas, cá no fundo, eu acho que é só o enorme desejo que eu tenho de enfiar a cara num croissant quentinho, a escorrer doce de ovo. Tenho cá para mim que é só isso. Mesmo.
Monstra das Bolachas
Sabem o Monstro das Bolachas da Rua Sésamo? Sou eu, mas em versão menina e sem pêlos (sim, gasto uma fortuna em depilação a laser). É que eu não consigo explicar os apetites de bolachas que me têm dado, só penso em devorar pacotes inteiros. E perguntem-me vocês, Pernas Finas queridos, se me apetecem umas bolachas quaisquer? Perguntem! Não, não apetecem. Eu só produzo saliva por aquelas bolachas tipo americanas, com pepitas de chocolate, que se desfazem na boca. Freud explica, ou devia explicar, porque eu não consigo perceber esta minha recente perdição. Mas bom, bolachas são manteiga, açúcar e mais um monte, ou dois, de cenas más. São tão más e ao mesmo tempo tão boas. Uma tragédia. Um dia destes vou ter de malhar uma ou duas, que eu estou com uma vontade que não vos passa na ideia. Isto é tudo sinal que os enjoos de ontem passaram e eu voltei a mim e aos meus apetites loucos. Vou ter de resolver isto, não sei bem como. Acho que vou ao Google pesquisar imagens, vou fechar os olhos e imaginar o sabor das bolachas que estiver a ver. Há uma dieta qualquer assim, de imaginar que se comem coisas. Antes ser peluda e azul, para poder devorar bolachas à minha vontade.
Expressões da Perna Fina #1
Sou pessoa de usar muitas expressões, assim mais popularuchas. Sou, assumo, pessoa que gosta de se referir a situações do dia a dia com ditos que não lembram ao diabo. Vêem, lá estou eu. Por isso, e como tenho medo que esta vida alucinante me tire parte da memória, decidi começar a escrever algumas expressões que uso regularmente, imortalizando-as aqui no blogue. Normalmente, são frases que oiço alguém dizer, que acho graça por alguma razão, das quais me aproprio com muita facilidade. Não fui eu que as inventei, algumas já nem sei como me vieram parar à minha mente, mas gosto delas e pronto, uso-as até mais não. A expressão de hoje? Passei o dia a cagar fininho. É, não há nada de poético nisto. Só houve mesmo um dia cheio de cólicas, enjoos e fluídos a saírem de mim, num estado de decomposição que ninguém diria que estou de boa saúde. Mau, minha gente, muito mau. Mas, apesar da minha desgraça, sempre que alguém me perguntou se estava bem e eu disse que estava mais ou menos, porque estava a cagar fininho, houve risada. O saldo podia ser pior, portanto. Ando a tentar saber tirar proveito e aprendizagens de todas as situações. Nem sempre é fácil, mas é um caminho. Fininho.
Pernas Finas no Mundo #1
Há Pernas Finas por este mundo fora, que nem sabem que o são. Inauguro, por isso, esta rubrica: uma espécie de base de dados fofinha, onde aparecerão pessoas que fizeram mudanças profundas na sua vida, alterando drasticamente a sua imagem. Vamos começar com o Matthew Lewis.
Quem é que leu os livros ou viu os filmes do Harry Potter? Quem? Pois. E quem é que se lembra do Neville Longbottom? O miúdo tonto, que dividia o dormitório com o Harry e com o Ron, conhecido por ser fraquinho nas habilidades mágicas e por nunca ser capaz de decorar um feitiço. Este:
Pois muito bem, o menino cresceu e deu lugar a um tipo absolutamente dedicado ao fitness. É claro que teve outros arranjos pelo caminho: melhorou os dentes, o estilo, uma série de coisas. O que mais me impressionou, foi mesmo a mudança no seu todo. Como é que aquele gorducho com pouca graça se transformou num homem tão cheio de pinta, com um ar que roça o fofinho?
357 pontos para Gryffindor, faz favor!
Rápido, seguro e eficaz
Antes do verão, a propaganda vendia a ideia de se ficar bem num biquíni. Agora, vende a necessidade de se eliminarem os excessos das férias. Os anúncios aos comprimidos, refeições pré-feitas ou aos líquidos mágicos que prometem fazer emagrecer num ai, são hilariantes. Eu, mesmo quando era gorda, nunca acreditei muito nisto e, para ser sincera, custa-me muito a querer que alguém acredite que, sem esforço nenhum, possa ter o corpo que deseja. Mas bom, dando de barata a hipótese de há quem dê crédito a estes comerciais enganosos, aqui estou eu. Aqui estou eu para dizer que para se perder peso se tem de comer bem e mexer o rabo (e outras partes também). Não há milagres, não há poções mágicas, não há nada para além de comer bem e mexer o corpinho. Digo-vos eu, que já fiz todas as dietas que há na história da humanidade. Depois, perder peso leva tempo, exige dedicação e foco. Não é assim do pé p’ra mão que se perdem 20 quilos. Isso é irreal, é tonto. Porque há o perder peso, que é relativamente fácil. O pior vem depois disso. Mas sobre isso, escreverei outro texto. Só para terminar, como já disse neste texto, gastem o vosso dinheiro noutras coisas que não nestas fraudes do emagrecimento. É porque é o mesmo que pegar numa quantidade de dinheiro e mandá-la pela pia abaixo. A sério que é.
Ser magra
Estou sempre a dizer que gosto muito do meu corpo como está, que não gostava de trocar de corpo com ninguém. É verdade, juro que sim. Mas às vezes gostava de passar pela sensação de ser magra. Mesmo magra. E podem começar a dizer: olhem que ingrata, ãh? Não tem razões para estar contente, quer ver? Eu tenho. Eu sei que tenho, mas o que querem que faça? Este desejo ainda não saiu de dentro de mim. Porém, eu acho difícil ficar (muito) mais magra do que estou hoje em dia. Porque eu sei que teria de ser 100% rigorosa com alimentação e eu nem sempre sou. Não era passar fome. Era comer só aquilo que me faz bem (e eu gosto demasiado de comidas más). Também porque os treinos que eu faço me ajudam a ter esta constituição, que não é propriamente estreita. Preciso de algum arcaboiço para pegar em barras e cenas. Por isso, acho que não conseguirei (muito) mais do que isto. Ou menos do que isto, para ser mais exata. Aqui já não se trata do peso, ou pelo menos eu tento que não trate. Trata-se antes das imagens que por vezes me aparecem na cabeça. Como seria eu muito magra? Porque nunca fui, não faço ideia de como seria. Talvez nem gostasse de me ver assim, sei lá. Sei, ao dia de hoje, que, apesar de querer sempre melhorar, isto já está tudo bastante bem. E, mesmo continuando a querer muito uma série de coisas, nada mais é importante do que saber o que não quero voltar a ser. Porque lá eu já estive. Muito tempo. Não quero (mesmo) regressar. Talvez seja para sempre assim. Não me poderei queixar.
Dois anos de Crossfit
Perguntavam-me no outro dia há quanto tempo andava eu no Crossfit. Eu sabia que tinha começado em outubro de 2014, mas não tinha de memória o dia. Felizmente, eu deixei esse dia épico marcado no blogue, com um texto que considero muito engraçado por várias razões. Pela forma inocente com que descrevi o treino, pelo deslumbramento com que falei do meu treinador, que adoro e estimo até hoje, e até pela lembrança da dificuldade com que cheguei ao carro e me arrastei até casa.
Dois anos depois, há coisas que se mantêm: eu dou cabo do meu couro em todos os treinos. Posso treinar com mais ou menos vontade, mas raras são as vezes em que não me atiro para o chão a arfar. O meu querido coach, o Luís, foi fundamental para a minha evolução. Mesmo que o tenha pensado, o meu treinador nunca mostrou desdém pela minha falta de habilidade. Sempre me incentivou a ser melhor, dentro dos limites da razão. Na verdade, eu tive muita sorte com os treinadores. Não só com o Luís, mas também com o Fábio e com o Sebastião. Todos eles tiveram sempre a maior das paciências e eu, apesar de refilar muito com eles, sou-lhes muito, muito grata.
O meu corpo mudou muito também. Eu nunca tive rabo e agora tenho. Eu tive sempre uma bóia à volta da cintura e agora já não há nada disso em mim. Os meus braços, as minhas pernas. Nem em sonhos. O Crossfit mostrou-me que sou capaz de muito mais do que alguma vez imaginei. Mostrou-me que tenho força, resistência, equilíbrio, flexibilidade. Provou-me, acima de tudo, que é a cabeça que manda em tudo. O Crossfit é muito um desafio mental, de superação, de conquista própria, de espírito de grupo.
Por fim, e o mais importante de tudo, o Crossfit deu-me a conhecer pessoas fabulosas. A minha querida amiga Sónia, por exemplo, foi o Crossfit que ma deu. As manas Rita e Marta. O Afonso, o Francisco, o Emerson, a Inês, a Tânia, a Andrea, a Sílvia… Tantas, tantas pessoas com o mesmo propósito: serem melhores do que já foram um dia, idependentemente do significado que isso tem para cada uma delas.
O Crossfit não se permite a ser explicado, a sério que não. Por isso, todos os que falam desta modalidade sem nunca a terem experimentado, não sabem o que dizem. Não sabem mesmo [o que perdem]. Porque eu, que cancelei todas as inscrições de ginásios em poucos meses, estou nisto há dois anos. Eu, a gorda que não dava uma volta ao campo da escola, a correr. Eu? Chiça, eu adoro o Crossfit.
[Este texto também é do início dos inícios. Dá para perceber a dimensão da coisa, não dá?]
Sobre o glúten
Eu já li muito sobre os malefícios do glúten. Já fui a palestras ouvir falar sobre o assunto e até já senti os efeitos de não o comer. Custa-me a acreditar que o glúten seja responsável por patologias tão graves como a demência e alguns tipos de cancro, mas há quem afirme a pés juntos que está mais do que provado. Eu já experimentei estar uns tempos sem ingerir glúten, ou a evitá-lo quase a 100%, e a verdade é que me senti muito melhor. A barriga desinchou por completo, passei a ir à casa de banho com maior regularidade, as poucas borbulhas que tinha também desapareceram e, sobretudo, tive menos apetite. Os inimigos do glúten também afirmam que o não consumo desta goma manipulada ajuda a controlar os apetites maus. Há uns tempos desleixei-me um pouco, voltei a comer pão normal e a enfiar a cara numa pasta ou outra e senti logo a diferença. Mesmo. Sobretudo na barriga tipo balão, que aumentou quase instantaneamente. Eu já pensei muito sobre esta decisão de não comer glúten de todo, mas tenho medo de aumentar o meu grau de intolerância, porque a verdade é que não corro riscos sérios se comer. Há quem não possa mesmo tocar em glúten, literalmente. Por outro lado, apetece-me pouco andar sempre neste incha, desincha e passa. Por agora, voltei a fazer o meu próprio pão. Experimentei esta receita e a-do-rei. Talvez, se for consistente, seja este o caminho para um super-ultra-jeitoso sixpack. Talvez.
Pena de mim
Os últimos anos fizeram-me crescer muito, a muitos níveis. Não só mudei o meu corpo, como mudei a minha vida. Passei a gostar mais de mim e a ser uma pessoa menos amargurada, com uma série de coisas. Mas, às vezes, a velha Joana ainda volta. E, sei lá eu como ou porquê, inundo-me numa pena de mim, que me deixa a questionar acerca de um sem número de aspetos muito meus. Como se, por alguma razão, ou algum acontecimento, sentisse, e me permitisse a sentir, pena da pessoa que sou, da mulher que sou. Como se fosse uma espécie de coitadinha, inconsolável, mal tratada.
Quando sinto isto, tento pôr os pés no chão e perceber que estou a ter um ataque qualquer, que não me deixa ver com clareza. Volto a enumerar, na minha cabeça [e no meu coração], todas as razões pelas quais me considero uma pessoa sortuda e feliz, de bem com as escolhas que faço todos os dias. Nestes momentos, sinto sempre muita vontade de comer. É nestas alturas que gostava de gostar de fumar ou de beber cerveja ou de correr não sei quantos quilómetros, só para desanuviar um pouco. Eu não sou assim. A verdade é que eu, em momentos de aflição, ainda pondero devorar um pacote de bolachas, um saco de batatas fritas ou um quilo de gelado.
A comida continua a estar muito associada às emoções que vou sentido, sejam elas alegres ou tristes, entusiastas ou depressivas. O que é que eu concluo? Que este trabalho que tenho vindo a fazer, de um enorme autocontrole e de uma enorme reflexão sobre a forma como lido com a comida, é para continuar até ao fim dos meus dias. Por isso é que nenhuma dieta funcionou comigo. Porque eu nunca precisei de uma dieta. Eu precisei, e continuo a precisar, de perceber que, independentemente do que me aconteça, de bom ou de mau, de muito bom ou de péssimo, a comida deve ser, sempre, carta fora do baralho.