É muito difícil isto do meio termo, muito difícil mesmo. É no meio que está a virtude, mas é essa virtude que se torna, muitas vezes, muito desafiante. Porque o equilíbrio dá trabalho, exige de nós, faz-nos questionar as nossas decisões e, às vezes, faz-nos até desacreditar.
Houve uma época em que eu comia tudo o que me apetecia. Tudo. Eu era capaz de comer uma caixa de gelado. Eu conseguia, na boa, comer mais do que um bolo num dia. Eu era perfeitamente capaz de comer batatas fritas a todas as refeições. Eu podia, sem problema nenhum, comer pessimamente dias a fio.
Depois, houve outra época, em que eu passava uma fome dos diabos. Comia quase nada durante o dia todo. Chegava a ter quebras de tensão, por me alimentar pouco. Fiz várias dietas muito restritivas, que me prometiam resultados rápidos, através de alguns processos duvidosos.
Estas duas épocas não foram uma a seguir à outra. Foram acontecendo. Eu viva nesta intermitência de não comer nada ou de comer tudo. Tinha oscilações de peso grandes, que davam cabo de mim e do meu corpo. Cheguei a perder 12 quilos, rapidamente, e engordar 16, pouco tempo depois.
Hoje em dia, eu não como tudo o que me apetece, mas também não me privo que comer algumas coisas que me sabem bem. Há dias que correm melhor que outros, como em tudo na vida, mas acho que tenho conseguido ser equilibrada ao longo destes últimos dois anos.
Talvez esta questão da comida seja um tema eterno na minha vida. Eu gosto de comer. Eu gosto muito de comer muitas coisas. Às tantas, também não vale a pena continuar a lutar contra isto. Resta-me ter a serenidade suficiente para descomplicar esta dimensão do meu ser. E ter a força necessária para perceber que, mais do que gostar de comer, eu tenho mesmo é de gostar de mim.
Poderia ter sido eu a escrever este texto…
=/
Revejo-me tanto…
Ora cá está um texto que podia ter sido eu a escrever. O teu blogue apareceu-me nas recomendações do facebook, vim espreitar e dei de caras com este texto.
Para mim, o processo mais difícil é mesmo o “aceitar-me como sou”. Há dias fáceis, mas também há dias de merda. É como dizes, o meio termo é lixado, pois é. Principalmente para pessoas como eu, que não gostam de viver no cinzento.
Beijinho