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Já escrevi muitas vezes sobre a felicidade que sinto por fazer aquilo que escolhi. Ser professora de miúdos pequenos é, ao mesmo tempo, um amor incondicional e uma canseira sem limites. Há dias bons, em que tudo está tranquilo e as coisas fluem. Há outros em que passamos o dia a embirrar só porque sim. Há momentos em que os cubro de beijos e há também alturas em que quase os atiro da janela. Há, sobretudo, da minha parte, um enorme esforço para que aprendam bem, que atinjam o maior sucesso possível e que sejam profundamente felizes na escola.

Sou professora destes miúdos há um ciclo inteiro. Foram muitos meses, muitas semanas, muitos dias, imensas horas. Arranquei-lhes dentes, parei o sangue dos narizes, dei colo, separei brigas, dei mimo, enchi-os de beijos e abraços, ralhei muito, ajudei-os a aprender e procurei que fossem, sempre, capazes de respeitar o outro. Esforcei-me por ser um exemplo de dedicação ao trabalho diário, ao rigor. Fiz o melhor que soube a cada dia, sabendo que, todos os dias, mais ou menos cansada, mais ou menos triste, me dediquei àquele  grupo de pessoas incondicionalmente.

Os quatro anos de escola destes alunos acabaram e a viagem de finalistas foi durante esta semana, em Inglaterra. Viver com eles deu-me a oportunidade de os conhecer ainda melhor. Deu-me a certeza de que são bons miúdos, educados, competitivos, competentes a muitos níveis. São miúdos muito completos, muito autónomos, muito queridos. Esta semana pude amá-los ainda mais. Talvez seja estranho este amor que sinto. Afinal, para muitos professores, os alunos são apenas seres que devem ser ensinados e se isso não acontecer a culpa será, de certeza, deles.

Para mim não. Ser professora destas crianças é dedicar-me a elas com a certeza absoluta de que farei tudo o que for preciso para as ajudar a crescer. Com regras. Com mimo. Com autonomia. Com tudo a que têm direito. Agora que vou ficar sem eles, sinto-me assim, meia perdida. Meia vazia. Sei-os preparados para ir. Sei-os prontos. Aqui quem não está pronta sou eu, qual mãe galinha a ver os pintos a sair do ninho. Em setembro chegarão outros, pequenos, e eu começarei tudo de novo. Acredito, porque me conheço, que me dedicarei a eles da mesma forma. Não sei ser diferente. Mas, neste momento, não consigo parar de me comover com a ideia de que #osmelhoresdomundo não vão voltar para dentro da sala comigo. [E este sentimento de perda está a dar cabo de mim.]

7 Comments on #osmelhoresdomundo

  1. E eles, todos os dias da sua vida, e um dia lá mais para a frente com mais saudade ainda, vão relembrar a professora Joana com o mesmo amor e carinho que tu descreveste neste lindo post.

  2. Oh pá… Oh Joana!! Já me deixou a correr lágrimas… A vida deles cruzou-se com a sua e isso foi marcante para as suas vidas. Ninguém lhes pode tirar estas memórias e as marcas que a Joana deixou, apesar de ainda não terem bem noção do que significa! O início da vida escolar, 4 anos seguidos, sem qualquer interrupção. Apesar de tudo por que passou, a Joana esteve sempre lá, a 100%. Cheia de força, agarrou-se a estes miúdos e foi tudo isso que diz, sentindo-os como uma verdadeira mãe sente! Obrigada pelo seu jeito natural, pela pessoa e PROFESSORA que é… Nota final: EXCELENTE!!

  3. Aiii Joana, emocionei-me a ler este post. Já não há muitas professora assim! Eu nunca me esqueci da minha professora da primária, exactamente por ela ser assim como a Joana! Tenho a certeza que a minha filha nunca mais se vai esquecer de si! Muito obrigada por estes anos! Um grande beijinho, já cheio de saudades!

  4. Ai ai ai ai Joana, estas coisas não se devem escrever, deixa qualquer um, não de lágrima no canto do olho, mas sim de rastos, eu que sou de lágrima fácil está a ser difícil aguentar-me.
    Mas estes 4 anos tiveram dias fáceis mas houve outros difíceis, nós sabemos…
    Muita coisa que a minha filha é hoje, deve-lhe muito, por isso deixo-lhe um beijinho apertado e um MUITO obrigado por tudo.

  5. Mas que linda Professora!
    Essa inteligência é sempre a que falta a um normal.
    Parabéns pela excelência da sua mestria.
    Bem haja dos Alunos que a tiveram.
    João NM

  6. Chama-se AMOR…na sua mais pura vertente e só não se sente assim quem não se dedica de alma e coração a miúdos como os seus.
    Jamais se esquecerão de si!

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