Mês: junho 2016

A minha barriga

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Tive muitos anos uma bóia de banha na minha cintura. Muitos anos. A minha barriga era a parte do meu corpo que gostava menos. Quer dizer, também não gostava das minhas pernas, nem dos meus braços, nem do meu rabo. Na verdade, gostava dos meus olhos e do meu cabelo. Aí não havia chicha, tudo ok.

Hoje, quando olho para a minha barriga, fico mesmo orgulhosa do meu empenho. Não se pode dizer que tenha um six pack, mas tenho um abdómen que já não me inibe de estar confortavelmente na praia, por exemplo. O que é que eu tenho feito para isto estar assim?

Ao contrário do que eu sempre achei, os abdominais criam-se, sobretudo, na cozinha. O que comemos tem muita, muita influência na presença ou ausência da banhoca. Tudo o que for açúcar e gordura vai para ali. Verdade nua e crua: ou fechamos a boquinha a uma série de coisas ou muito pouco acontecerá nesta zona do corpo.

Depois, os treinos que tenho feito também têm contribuído. Porém, espantem-se quando vos disser que faço pouquíssimo trabalho específico para os abdominais. São os agachamentos, os pinos, as elevações e toda a contração de tudo o que é músculo durante todo o tempo de treino, que me tem ajudado a ter uma barriga mais lisa.

Espero continuar a melhorar e a conseguir definir ainda mais estas saliências, que já se fazem notar. Talvez consiga até, um dia, ter seis pequenos montes de músculo, que quase terão vida própria. Talvez. Neste momento, estou muito confortável com tudo o que conquistei e esta paz comigo, é das melhores sensações que já vivi.

Dieta da fotocópia

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Quem já fez a dieta da amiga, da vizinha ou da prima, levanta o dedo. Todos nós conhecemos alguém que já foi consultado por outro alguém, que lhe passou uma dieta, que resultou mesmo e, por isso, também queremos experimentar. Verdade ou mentira? Quem diz a dieta passada à pessoa que conhecemos diz, também, a dieta da Beyoncé ou das Kardashians que lemos na internet. Ah, se a Kim tem aquele rabão a fazer isto, eu vou fazer o mesmo e ficar igual. Bah!

Ora, meus fofinhos queridos, deixem-me dizer-vos que todas estas atitudes têm muito para correr mal. Ou para não correr bem. Cada vez mais acho que cada caso é um caso. Portanto, o que se aplica a mim não se aplica à minha prima, mesmo que ela tenha a mesma idade que eu, mesmo que ela seja muito semelhante a mim. Eu, por exemplo, sabia lá que tinha estas alergias à lactose e ao glúten. Eu não sabia.

Podia perfeitamente fazer uma dieta que incluísse um pãozinho de manhã, que ia continuar com a barriga inchada sem perceber porquê, mesmo que o resto do dia passasse fome. Ou se, a meio da manhã, bebesse os tão famosos iogurtes 0% a tudo ia, com toda a certeza, ficar a arrotar àquilo durante horas, porque simplesmente o meu organismo tem muita dificuldade em tolerar estes alimentos.

É claro que há uma série de princípios que são inerentes a um regime alimentar para quem quer perder peso: variar os alimentos, comer fruta e vegetais, optar por carnes brancas, eliminar os produtos processados… Mas há particularidades, que fazem toda a diferença, que só podem ser descobertas se formos acompanhados por um profissional competente. Alguém que nos ajude a testar o nosso corpo, para que o possamos conhecer melhor.

Por isso, esqueçam lá as fotocópias, as dietas da net, os comprimidos milagrosos e essas tretas todas. Invistam no que vale verdadeiramente a pena: em comida verdadeira e de qualidade, numa prática de exercício físico bem acompanhado e num profissional competente, que vos ajude a estabelecer um plano adaptado às vossas necessidades. Tudo o resto são manobras de diversão. Acreditem em mim. São mesmo. Vá, essas fotocópiazinhas no lixo, faz favor.

Os outros

Os outros vão achar que sabem o que sentes.
Os outros vão contestar as tuas atitudes e decisões.
Os outros vão desacreditar, porque não acreditam em nada.
Os outros vão desmoralizar-te, mesmo que finjam que não.
Os outros vão observar-te, às vezes, bem de perto.
Os outros vão estar à espera do teu deslize.
Os outros vão questionar-te sobre resultados.
Os outros vão achar que sabem como se faz.
Os outros vão medir-te com o olhar.
Os outros vão controlar o que comes e o que bebes.
Os outros vão duvidar das tuas capacidades.
Os outros vão [SEMPRE] falar sobre como geres a tua vida.

Aprende a ignorar a maioria das coisas que ouves ou lês. Guarda, dentro de ti, de forma bem segura, as palavras que são ditas por gente que te quer bem. As vozes dos outros são, muitas vezes, apenas, barulho de fundo. Desliga. Ouve, sobretudo, o teu coração. Faz o que achas que é melhor para ti. Faz por ti. Para ti. E acredita, com todas as forças, que podes ser o que sempre sonhaste. Vai tudo correr bem. #confia

Poder de encaixe

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Eu sempre tive um enorme poder de encaixe, alimentarmente falando. Quer dizer, na infância não. Era uma lingrinhas, que mal comia. Mas depois chegou a puberdade e, sabe-se lá porquê, passei a comer tudo o que não tinha comido até àquele momento. Foi assim durante muitos anos. Era capaz de acompanhar qualquer adulto que comesse mesmo bem, ficando ali taco-a-taco no que a quantidades de comida ingerida dizia respeito.

Entre amigos, comecei a dizer que tinha um grande poder de encaixe. Afinal, os outros ficavam cheios de depressa. Eu, aceitava sempre mais uma colher de sobremesa. Era sempre a primeira a experimentar as novidades que iam saindo no mercado: sumos, gelados, salgados, o que fosse. Toda a gente parecia achar graça a esta minha caraterística. Até eu achei, durante um período de tempo.

Depois o peso chegou, ficou, e foi um ai Jesus. O que interessa aqui é que desde que comecei a mudar de vida, o meu poder de encaixe reduziu significativamente. Hoje já não sou a última a acabar de comer e muitas vezes sobra comida no meu prato. Se comer demasiado ao almoço, provavelmente ao jantar mal comerei, porque ainda não serei capaz de comer, acabando por ter como refeição uma taça de gelatina com fruta, por exemplo.

O meu poder de encaixe mudou e, no meu caso, é um ótimo sinal. Na gíria costuma dizer-se que o estômago aumenta e diminui de tamanho, consoante a quantidade de comida que ingerimos ao longo do tempo. Há até aquela célebre frase: quantos mais comemos, mais querermos comer e vice-versa. Deve ter sido isso que aconteceu comigo.

O meu estômago já não é capaz de suportar os banquetes doutros tempos. E a verdade é que se me estico fico imediatamente enfartada, cheia de azia, com a barriga inchadíssima. Um horror. São estas mudanças que me deixam muito feliz. Quase tão feliz como por ter perdido peso. São estas diferenças que me fazem, todos os dias, não querer voltar ao que já fui.

Cala-te e aguenta

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Há duas semanas que não treinava. Na semana antes da viagem optei por descansar o máximo possível, para estar à altura dos miúdos, e durante a estadia em Londres, apesar de ter estado muito ativa, também não me exercitei como numa semana de treinos. Por isso, o preguiçoso do meu corpo, que rapidamente se habitua ao descanso, deve ter achado que tínhamos voltado ao antigamente e relaxou por completo. Desde segunda-feira que tenho treinado todos os dias. O meu treinador, que não liga nenhuma às minhas lamentações, ignorou por completo o facto de não me mexer há quinze dias e puxou por mim como se nada se tivesse passado. Resultado? Toda eu sou dor. Pareço uma velhinha a caminhar, porque as dores nas pernas são tantas, que às vezes parece que as tenho em chamas. E os braços? Deus me livre! Hoje dizia à minha mãe: este treino deu cabo de mim. E gania, gania de dor. A minha mãe, que tal como o meu treinador não passa cartão nenhum às minhas pieguices, disse: há dois anos que te queixas, mas continuas a ir. Faz-te bem, por isso cala-te e aguenta. É o que vou fazer.

#osmelhoresdomundo

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Já escrevi muitas vezes sobre a felicidade que sinto por fazer aquilo que escolhi. Ser professora de miúdos pequenos é, ao mesmo tempo, um amor incondicional e uma canseira sem limites. Há dias bons, em que tudo está tranquilo e as coisas fluem. Há outros em que passamos o dia a embirrar só porque sim. Há momentos em que os cubro de beijos e há também alturas em que quase os atiro da janela. Há, sobretudo, da minha parte, um enorme esforço para que aprendam bem, que atinjam o maior sucesso possível e que sejam profundamente felizes na escola.

Sou professora destes miúdos há um ciclo inteiro. Foram muitos meses, muitas semanas, muitos dias, imensas horas. Arranquei-lhes dentes, parei o sangue dos narizes, dei colo, separei brigas, dei mimo, enchi-os de beijos e abraços, ralhei muito, ajudei-os a aprender e procurei que fossem, sempre, capazes de respeitar o outro. Esforcei-me por ser um exemplo de dedicação ao trabalho diário, ao rigor. Fiz o melhor que soube a cada dia, sabendo que, todos os dias, mais ou menos cansada, mais ou menos triste, me dediquei àquele  grupo de pessoas incondicionalmente.

Os quatro anos de escola destes alunos acabaram e a viagem de finalistas foi durante esta semana, em Inglaterra. Viver com eles deu-me a oportunidade de os conhecer ainda melhor. Deu-me a certeza de que são bons miúdos, educados, competitivos, competentes a muitos níveis. São miúdos muito completos, muito autónomos, muito queridos. Esta semana pude amá-los ainda mais. Talvez seja estranho este amor que sinto. Afinal, para muitos professores, os alunos são apenas seres que devem ser ensinados e se isso não acontecer a culpa será, de certeza, deles.

Para mim não. Ser professora destas crianças é dedicar-me a elas com a certeza absoluta de que farei tudo o que for preciso para as ajudar a crescer. Com regras. Com mimo. Com autonomia. Com tudo a que têm direito. Agora que vou ficar sem eles, sinto-me assim, meia perdida. Meia vazia. Sei-os preparados para ir. Sei-os prontos. Aqui quem não está pronta sou eu, qual mãe galinha a ver os pintos a sair do ninho. Em setembro chegarão outros, pequenos, e eu começarei tudo de novo. Acredito, porque me conheço, que me dedicarei a eles da mesma forma. Não sei ser diferente. Mas, neste momento, não consigo parar de me comover com a ideia de que #osmelhoresdomundo não vão voltar para dentro da sala comigo. [E este sentimento de perda está a dar cabo de mim.]

Massa de courgette, alho francês e cogumelos

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[Na receita de hoje não coloquei as quantidades dos ingredientes por achar que depende do gosto de cada um. Eu adoro alho e abusei um bocadinho, quem gostar mais de, por exemplo, cogumelos, que use e abuse deles.]

Ingredientes:
– 1 courgette grande;
– espinafres (opcional);
– cogumelos;
– tomate cherry;
– alho;
– bacon;
– sal e pimenta a gosto.

Modo de preparação:
1.º Fazer a “massa” de courgette num espiralizador e cortar todos os ingredientes;
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2.º Saltear o alho e o bacon numa frigideira, com um fio de azeite.
3.º Quando o alho estiver dourado, juntar o alho francês e deixar a cozinhar durante cerca de 3/4 minutos;
4.º Adicionar os cogumelos e deixar cozinhar. Apagar o lume e deixar repousar.
5.º Numa outra frigideira, com um fio de azeite, cozinhae a massa de courgette durante uns minutos. Mexer várias vezes, com cuidado para não partir os fios de massa.
6.º Quando estiver no ponto a gosto, mais ou menos crua, é só empratar.
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Receita original da Flavougraphy. Não deixem de seguir estas maravilhas, também, no Instagram.

OST #20


Logo pude perceber o fado que ia ter, por ver nele o fado todo.
[E dá vontade de ir para os bailaricos de todos os bairros de Lisboa.]

Sou uma pessoa de sorte

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Penso eu, sempre que a vida se encarrega de, sozinha, me tirar algo para depois me dar em dobro. E não sei se acredito na predestinação. A sorte também se busca, também se trabalha, também se conquista e eu julgo fazer isso tudo. Talvez seja assim porque mereço. Talvez seja assim só porque sim. Danem-se os invejosos. Eu sou mesmo uma pessoa cheia de sorte.

Vamos falar do meu rabo!

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É, vamos mesmo voltar a este assunto. Ao longo do blogue já escrevi algumas vezes sobre o facto de um dos meus maiores desgostos físicos assentar no facto de ter um rabo pequeno e com pouca graça. Pronto, podia dar-me para pior. Não vem mal nenhum ao mundo por sonhar com uma bunda semelhante à das Jennifers Lopez da vida, pois não? Em outubro de 2014, andava bastante desanimada com a situação. O sentimento era deste género. Foi por esta altura que comecei o CrossFit. Confesso que não tinha muita fé que as coisas mudassem drasticamente. Achei que o meu destino era viver, para todo o sempre, com um rabo nhé. Um ano e alguns meses depois de começar a agachar como se não houvesse amanhã, dei voz ao meu rabo, salvo seja, e pu-lo a falar de forma mais otimista de si próprio. Não fiz nenhum tratamento estético, nem fui encher os glúteos com silicone. Mas, a verdade, é que o meu bufunfo, não só está mais volumoso, como está muito, muito mais do meu agrado e esta é uma nova felicidade que trago comigo. Por isso, se os meus coaches me pedirem para fazer 300 agachamentos, eu farei. Mesmo que refile muito enquanto os faço. É, não há milagres. Mas há força de vontade parar agachar, quer dizer, dar e vender.