[Este texto é para todas as pessoas que, tal como eu procedi durante muitos anos, chegam à primavera e começam à procura de soluções milagrosas para terem o corpo dos seus sonhos.]

Liga-se a televisão ou a rádio e aí estão eles: os anúncios dos comprimidos milagrosos, que prometem fazer qualquer um perder 31 quilos em três horas e meia. Quem diz comprimidos diz drenantes, diz massagens, diz máquinas que chupam gordura de forma inovadora, diz cenas que não lembram ao diabo. É também por estes dias que as inscrições nos ginásios aumentam e o número de lesões acompanha o número de novos inscritos. Pois que estiveram paradinhos estes meses todos e agora contam abater, num ai, as rabanadas que ainda têm alojadas na anca e pumba: uma lesãozinha no bucho. O corpo dos nossos sonhos leva muito tempo a ser nosso. É certo que alguns seres humanos já nascem bafejados com corpinhos de deuses e deusas, mas são claramente a minoria (ou foram à faca algumas vezes, nada contra). Os seres humanos comuns têm mesmo de comer bem, equilibradamente, e arrastar o couro no asfalto, com corridas, com agachamentos, com o que for. É uma atitude, é um esforço que perdura no tempo. É um estilo de vida, que se deseja eterno, e não uma escolha de dois ou três meses. Tudo o que é demasiado fácil, é efémero. Esta é uma boa altura para mudar, porque todas as alturas são boas para começarmos a cuidar de nós. Perigosas são as expectativas irreais, que nos levam a tomar decisões que podem pôr em risco a nossa saúde. Por isso, Pernas Finas queridos, não embarquem nisso, por favor. Mudar sim, mas não a qualquer custo.

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