Mês: fevereiro 2016

Parabéns, querido.

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Querido Leonardo,
Sabes que sempre te amei. Que ainda hoje tenho uma coleção de imagens e posters teus na arrecadação. Que sabia tudo sobre ti, incluindo as datas dos filmes em que tinhas participado e os nomes das cabras das atrizes que te tinham beijado. Desejei que, a não ficares comigo, ficasses com a Kate, a do barco, ela sim era mulher para ti. Mas não. Andaste a vida toda a saltitar de manequim em manequim e de cantora em cantora e a desfazer o meu coração aos pedaços. Enfim.

Depois, saíram umas notícias que diziam que eras pouco dado a banhos. Houve até uma namorada tua que terminou tudo graças ao teu odor corporal. Pronto, e aí, eu desencantei-me um bocado, confesso. É que eu adoro gente lavadinha, percebes? Homens cheirosos e bem esfregados. Eu percebo que és todo ecologista e quê, mas há limites, Leonardo. Há limites. Um homem lindo como tu a cheirar mal?

Bom, não querendo divagar mais, serve este texto para te dar os parabéns pela noite de ontem, pá. Há anos que merecias o boneco dourado, meu amor. A sério que sim. Confesso que não vi este filme, porque sou maricas e impressionável como tudo, por isso não deu, mas sei que estiveste mesmo bem. Ouvi dizer.

Agora andas com a Rihanna, não é? Ela também não tem um ar muito asseado, só se estraga uma casa. Desculpa voltar a isto, mas incomoda-me mesmo. Vá, meu querido, parabéns. Espero que ponhas a estatueta dourada num sítio bem catita e que lhe limpes o pó de vez em quando, se não até perde o brilho e é uma pena.

Um beijinho do tamanho do icebergue que afundou o tal navio,
Joana.

29 de fevereiro

Oba, oba, este ano tem mais um dia. O que fazer para o aproveitar da melhor maneira? Trabalhar, claro está, que a vida não está para brincadeiras. Mas bom, para além disso este 29 de fevereiro, que só voltará a acontecer daqui a quatro anos, levou-me a pensar no próximo. Como e onde estarei daqui a quatro anos? Trabalharei no mesmo sítio? E filhos, terei? Talvez por ser professora do 1.° ciclo, que dura precisamente quatro anos, tenho a tendência para achar que ciclos se abrem e se fecham nessa mesma contagem. Por isso, tenho para mim que está prestes a começar um novo ciclo na minha vida. Ele que venha. Estou pronta.

O perigo dos elogios

O deslumbramento pode ser perigoso. É muito fácil nos tornarmos pessoas convencidas, de nariz empinado, a achar que temos um rei a viver na nossa barriga. É fácil. Ultimamente, tenho pensado sobre isto. Porque mudei muito. Porque agora gosto muito do que vejo ao espelho. Porque passei, e continuo a passar, por uma transformação que me tem feito sentir muito bem comigo.

A linha é muito ténue: passar de alguém infeliz com a sua imagem, para alguém que se acha um máximo. É mesmo aliciante. Eu não quero isso para mim. Sempre regi a minha vida por alguns valores dos quais não pretendo abdicar: cumprimentar a senhora da caixa do supermercado, pedir desculpa quando piso o chão que alguém está a limpar, agradecer ao empregado que levanta o meu prato.

Creio que as pessoas cheias de si não fazem isso. E atenção: isto não tem nada a ver com o peso. Está, apenas, relacionado com o facto de algumas pessoas se acharem superiores a outras por alguma razão e, por isso, as poderem destratar de alguma forma. O que eu não quero, nunca, é achar-me a maior, seja no que for, ao ponto de perder a minha essência. Isso é que não.

Eu tenho nas mãos a oportunidade perfeita para isso: tenho recebido tantos elogios, todos os dias. Receber comentários positivos é mesmo bom, mas esses comentários não podem, jamais, fazer-nos achar que essa nossa condição nos torna mais que o outro. Nunca, em situação nenhuma.

Prometo

Há uns dias recebi um email que me fez tremer. Fez-me perceber que a Perna Fina está a ganhar, ou tem vindo a ganhar, uma dimensão que eu nunca imaginei. Eu gosto de números. Gosto de ver quantas pessoas lêem os meus textos, quantos gostos tem aquela publicação, quantas partilhas. Mas o que eu gosto mesmo é de saber que posso tocar as pessoas. Porque saber que isso acontece faz-me querer ser melhor, para não as desiludir. Para as ajudar a ser melhores também, de alguma forma. Entre outras coisas, no email que recebi vinha escrito isto.

“Mas a ti é a quem tenho mais de agradecer. Apesar da nossa diferença de idades, vi na tua coragem e determinação aquela pessoa que eu fora e que queria voltar a ser. Deste-me o exemplo e a coragem. Não sei como te dizer isso sem parecer cruel ou te parecer invejosa. Não sendo intransigente contigo, não te desculpes. Preciso que não falhes e que continues a ser o meu exemplo e inspiração.”

Eu sou uma pessoa de palavras. De atitudes também. Mas as palavras têm um efeito especial em mim. E estas palavras fizeram-me ter a certeza de que este processo é irreversível. Não pelo peso que perdi, mas pela minha atitude perante a minha vida e pela forma como tenho partilhado essa atitude com os outros. Por isso, só me resta dizer que prometo. Que prometo continuar a tentar ser melhor do que alguma vez fui. Não num sentido egocêntrico da coisa, mas na medida em que esta luta que eu tornei pública, que é a luta de tanta gente, possa continuar a inspirar alguém a ser a melhor versão de si. Prometo.

Nada é para sempre!

O bom e o mau. Nada é para sempre. O que é bom passa depressa. O que é mau nem sempre dura. É assim e há muito pouco a fazer em relação a este estado de ser efémero. E por nada ser para sempre é que não podemos achar que tudo continuará a ser como é. Ou como foi um dia.

Eu era gorda. Já não sou. Mas posso voltar a ser. Vou tentar que isso não aconteça, mas sei lá! Eu tinha uma relação infeliz. Saí dela. Fiquei melhor sozinha. Até quando? O que hoje é verdade, amanhã pode ser memória. É precisamente isso que nos dá um sem número de escolhas. Resta-nos escolher, mudar, ser mais e melhor, tentando que essa existência boa perdure. Sobra-nos, apenas, perceber o que queremos para nós, todos os dias, a cada dia e fazer com que as coisas aconteçam.

Isto a propósito das mensagens que recebo, que começam ou terminam com um “quem me dera ser como tu e ter essa força de vontade”. Eu nem sempre quis isto. Eu nem sempre fui forte. Eu nem sempre me desafiei. Mas houve um dia em que quis mudar. É a atitude desse dia que, todos os dias, eu continuo a fazer com que pareça para sempre.

Perna Fina vai à Ginástica

Eu nunca tive jeito para tudo o que as miúdas da minha turma tinham. Tipo rodas e pinos e merdas dessas. Nunca fui capaz. Para o CrossFit, preciso de uma série de movimentos gímnicos, que incluem pendurar-me em argolas e mais uma porradona de coisas nas quais sou uma absoluta nulidade. Posto isto, decidi começar a frequentar umas aulas de ginástica. Estas aulas têm como objetivo aperfeiçoar diversos movimentos, tornar-me mais flexível e, estou cheia de esperança, fazer de mim uma miúda mais delgada e forte.

Hoje foi a primeira aula. Começou por ter de se rodar o pescoço, os ombros, os braços. Depois vieram as pranchas e uns movimentos que me começaram a fazer suar. Até aqui tudo bem. O que se seguiu é que foi um vê se te avias, Perna Fina. Estão a ver aquelas estruturas metálicas em que as crianças rodam sobre o seu próprio corpo? Pois. Eu também nunca fui capaz de tal habilidade. And, guess what? A aula de ginástica teve esse movimento como objetivo.

Tenho um equilíbrio semelhante ao de um bebé a dar os primeiros passos, por isso, a dificuldade começou logo em equilibrar os dois pés em cima duma bola medicinal, enquanto me pendurava nas argolas. Seguiu-se a instrução de contrair os abdominais e os glúteos e, após tudo isso, fácil, fácil, elevar o rabo e levar os joelhos ao peito, ficando em posição de quem se vai fazer rodar, qual artista de circo.

O que seria, o que seria? Então em miúda eu não fazia nada disto e era agora, acabadinha, prestes a fazer 30, que a coisa se ia dar assim à primeira? O professor, amoroso, lá me deitou as mãos às costas e fez de mim o que quis. Eu só fechei os olhos e rezei, tal era o receio de me esbardalhar dali abaixo.

Serviu a parte final da aula para eu me esticar toda. Sinto-me uma mulher nova. Estou, p’raqui toda alongadinha. Portanto, o saldo é positivo. Tão positivo que para a semana vou voltar. Que isto de ser persistente é algo a que me ando a habituar e, até agora, tem resultado bastante. E qualquer dia, é ver-me por esses parques infantis fora, a rodar sobre mim mesma, como nunca. Tenho dito.

Sono

Eu preciso muito de dormir. Preciso mesmo. Se há uma noite em que não durmo tão bem ou tanto como devia, o dia seguinte é um verdadeiro inferno. O meu feitio, que nunca é bom de assoar, fica aguçado e a minha cara deixa transparecer que todos os pensamentos que me inundam a mente estão relacionados com o ato de dormir. Quando nasci, não dormi durante um ano. A minha mãe também não. Sempre que se vêem essas fotografias percebe-se que a minha pobre mãe estava à beira de um colapso, comigo sempre aos gritos, a implorar por mama. Não consigo imaginar o inferno, meu Deus. A minha mãe está sempre a dizer que me deseja uma filha como eu: espetacular e coiso, mas que não durma um ano, para que eu perceba o que dói. Sei que não diz isso de coração, porque sabe que se isso acontecer lhe darei o bebé para as mãos e ela que se amanhe. E por que é que estou a falar em bebés? Não sei. Juro que não sei. Devem ser os trinta a chegar e o relógio biológico a enlouquecer. Ou então, tenho só muito sono, porque não dormi bem nas últimas noites. É, é isso.

Estou enorme!

Desde miúda que me sinto mal quando está para me aparecer o período. Sempre morri de dores em todo o lado: nas mamas, na barriga, nos rins. Há meses em que o período é quase uma doença. O feitio fica pior ainda e a minha sensibilidade nem se fala. É um mal estar geral. Para além de todas as maleitas associadas a esta fase do mês, desde sempre que me sinto enorme. Enorme, inchadíssima. Sinto-me sempre uma pequena grande orca, a deambular pelos dias da melhor forma que posso. Sempre, sempre, senti isto e continuo a sentir, mesmo tendo menos 20 quilos. Sim, porque às vezes achava que me sentia mal por ser gorda, mas, neste aspeto em particular, não era mesmo por isso.

Os sintomas começam na semana antes do aparecimento da coisa e, por essa altura, a minha vontade é de partir tudo à minha volta, incluindo a cara de algumas pessoas. Acho que fico agressiva de tal forma, que chego a ser perigosa. Sei que há mulheres que não passam por esta metamorfose mensal. Tenho amigas que acham que isto são apenas macaquinhos que tenho no sótão. Mas bolas, será que os malditos dos primatazinhos decidem chatear-me sempre na mesma altura do mês? Não. É mesmo físico ou hormonal ou o caraças.

Bem, isto para dizer que gostava muito de me isolar do mundo nestes dias. Fechar-me num sítio qualquer a esperar que isto passasse. Tipo fera enjaulada, que acordava só para comer. Ou nem isso. O ideal era mesmo dormir durante três ou quatro dias, num sono profundo, regenerar as entranhas e depois acordar, fresca e fofa, pronta para enfrentar mais um ciclo disto que é ser mulher. Mas bom, como isso não vai acontecer, os dias que se avizinham serão, como sempre, uma luta permanente entre mostrar uma boa cara ao mundo ou mandar o mundo à merda. Farei o melhor que puder.

Não deixes!

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Não deixes, nunca, por motivo nenhum, que te façam acreditar que um dia não poderás vestir os calções dos teus sonhos e sentir-te bem por isso. Mas, quando os vestires, recorda-te sempre que houve um dia em que isso não aconteceu. Porque é essa lembrança que te faz continuar o caminho.

Inspira-te, Perna Fina #8

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Esta brasa, boazona e forte que dói, chama-se Christmas Abbot. É atleta de CrossFit e vem confirmar que strong is the new skinny, que é como quem diz: vá, ninguém tem de ser pele e osso para ser uma bomba, muito pelo contrário. Olho para ela e quero tudo. Dispenso as tatuagens, pronto. Ela que me empreste só as pernas e o rabo. Ou então, mande-me um par de ténis daqueles, vai que me dão um boost no desempenho. Bolas, que mulherão!