Recuemos um pouco até 2011, tinha eu 17 anos. Nessa altura, na zona onde moro, ouvia-se falar muito numa nutricionista que andava semanalmente por algumas farmácias daqui. Fazia uma avaliação inicial, construía um plano alimentar adaptado a cada pessoa, conforme o objetivo que se pretendia. Ora, em Maio de 2011, meti na cabeça, e lá fui eu marcar uma consulta com ela. Tendo em conta que pesava 104 quilos (sim, 104) e que a minha altura era de 1,70 metros, tinha mesmo que fechar a boca e seguir à regra o plano dela. A primeira semana foi um pouco complicada, como seria de esperar, mas chegar ao fim dessa semana e já ver menos 1,5 quilos, só me deu mais força para continuar. A partir daí, com a ambição de querer chegar à maldita balança todas as semanas com menos peso (fosse o que fosse), não me custou nada não comer as coisas maravilhosas a que estava habituada.
Tinha então os meus lindos 104 quilos e o meu objetivo inicial era, olhando à minha altura e por ter uma estrutura óssea larga, chegar aos 70 quilos. Como disse, comecei a dieta em Maio de 2011 e, posso dizer que, em Dezembro desse mesmo ano, já tinha chegado aos 70 quilos. Ou seja, perdi 34 quilos em 7 meses.
Chegando ao meu objetivo, comecei a ir com menos frequência às consultas com a nutricionista e ESTAVA POR MINHA CONTA. Tive uma vontade enorme de ir comer aquilo de que já tinha saudades: McDonald’s, gelados, batatas fritas, farturas, gomas, chocolates (NUTELLA, oh meu deus)… Pois bem, tudo tão bom, mas não podia ser tudo de uma só vez. Comecei, aos poucos, a comer de tudo. Tive dias em que me estraguei por completo, mas chegava ao fim do dia e parecia que me sentia mal comigo mesma. Nos dias seguintes, cortava em praticamente tudo outra vez.
Ao fim de um mês sem ir à nutricionista, lá fui eu. Fevereiro de 2012 e eu com medo da balança. Falei das loucuras que cometi, do que tentei fazer para arremediar a situação e com receio, lá fui para cima da balança. Lembro-me como se tivesse sido ontem, não queria olhar para baixo e ver o número que marcava. Só ouço a minha nutricionista a dizer: “Isabel, Isabel… Podes respirar porque estás com menos 2 quilos.” Abri os olhos e não é que estava mesmo marcado na balança 68 quilos? Não queria acreditar.
Passaram-se estes anos, três anos. Tenho 21 anos (a caminho dos 22) e, fazendo a minha vida normalmente, com ou sem pecados pelo meio, estou com 63 quilos. Antes, era impensável entrar na Zara, Pull & Bear, Salsa, entre outras lojas com roupas lindas, porque o fim dessas entradas seria verem-me a chorar. Nem o 44 daquelas calças me servia, nem o XL das camisolas me assentava bem. Agora? Agora o difícil não é entrar nas lojas, mas sim sair. Sem dúvida que me sinto bem comigo mesma mas, por vezes e por ser bastante insegura, olho para mim e parece que não gosto do que vejo. Paranoias minhas, enfim.
Admito que tenho dias em que sou uma autêntica gorda, mas com a dieta aprendi, acima de tudo, a comer. Eu que achava que nunca iria conseguir obter resultados, nos dias de hoje, olho para estes registos e choro… Choro de alívio por não ter sido assim tão difícil a questão de não poder comer tudo aquilo a que estava habituada, choro de alegria e orgulho, porque CONSEGUI! Arrepio-me também, e não me perguntem o porquê. Talvez por ter perdido sensivelmente 40 quilos.
Partilho isto porque, mesmo que para muitos não simbolize nada, para mim foi das melhores fases que tive na vida e pode ser que seja uma “fonte de inspiração” para quem está a passar pelo que eu já passei. Meninas (e meninos) acreditem em vocês. Por muito impossível que pareça, tudo se consegue na vida. Basta acreditarem e fazerem um pequeno (grande) esforço, porque se tudo nos viesse parar às mãos sem qualquer esforço, também não teria piada.
Isabel Nunes
Estou na mesma situação que a Isabel estava em 2011. O clique deu-se ao ver as fotos de evento na praia. Aquela não era eu. De março até novembro perdi 9 quilos. Faltam 26 e pela primeira vez, sei que vou conseguir.
Obrigada pelo testemunho.