“Ai, quem me dera ter outra vez 18 anos. Tinha um corpaço. Usava calças muito justas e tops com o umbigo de fora. A praia era toda minha. O biquíni eram o mais pequeno possível, não tinha ponta de celulite. As minhas mamocas eram redondinhas, empinadas, e o meu rabo parecia ter vida própria. Ia duas vezes por dia ao ginásio e aguentava tudo. Ai, quem me dera ter outra vez 18 anos.”

Este pode muito bem ser o discurso saudosista de qualquer mulher que deixa de se reconhecer com o passar dos anos. Não sei se lamento. Desculpem a minha frontalidade, mas se eram isso tudo na juventude, com certeza puderam usufrir dela sem complexos físicos, p’lo menos. O que já é uma enorme felicidade.

Eu, aos 18 anos, não era nada daquilo. Tentava esconder o meu corpo o mais possível, usando calças largas e camisas que não me vincassem muito. Não usava biquíni porque tinha as mamas demasiado grandes e descaídas. Já estava carregada de celulite. Não fazia desporto nenhum. O meu passatempo preferido era comer. Credo, eu não queria nada voltar aos 18 anos.

Alguns dirão que eu contribuí para o estado em que o meu corpo ficou. Têm toda a razão. A única coisa que eu lamento foi ter perdido tanto tempo a chorar por viver numa casa feia, desarrumada e mal decorada. Isso eu lamento e dificilmente deixarei de lamentar. Agora, o que passou passou e eu tenho tentado focar-me no estado em que viverei daqui para a frente.

É essa a mensagem que desejo passar a todos aqueles que me lêem e, por alguma razão, não estão felizes consigo. É possível transformarmos o nosso corpo num sítio em que gostemos de habitar. É possível termos orgulho na nossa imagem. É possível sentirmo-nos verdadeiramente felizes. É possível se quisermos a sério. Não podemos querer mais ou menos. Temos de querer mesmo muito a sério, assim como uma boa mãe deseja o bem-estar e a felicidade do seu filho. Porque quando queremos muito uma coisa, esforçamo-nos por tê-la.

Há apenas um pormenor com o qual devemos estar preparados para lidar: quando tomamos a decisão de mudar, há muita gente a assistir à espera de nos ver tropeçar ou, como quem diz, a engordar de novo. Não nos podemos preocupar muito com isso, nem levá-los a mal. Estão apenas com medo que cheguemos aonde nunca sonharam. É o mais provável. Eu estou no processo inverso. Não quero voltar aos 18 porque me sinto lindamente nos 28.

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