Mês: abril 2015

Se eu mandasse

Se eu mandasse, toda a gente experimentaria um treino de CrossFit. O CrossFit é muito mais que um treino físico. É lá que eu treino a minha persistência, a minha confiança, a minha determinação. Perante o treino. Perante a vida.

Ontem, durante um treino em que levantei inúmeras vezes 25 quilos, senti vontade de chorar. Era a dor, o cansaço, o suor, as mãos em ferida e o peito e os ombros a arder. Era tudo. Era eu, ali, mais capaz do que nunca.

O CrossFit torna pessoas comuns em super-heróis. Torna mesmo. E a mim, para além dos poderes sobrenaturais, trouxe-me outras coisas tão, tão boas. Trouxe partilha, cumplicidade e amizade sincera.

Só percebe isto quem lá vai e por isso eu reforço: se eu mandasse, toda a gente experimentaria um treino de CrossFit. Com certeza que todos se tornariam mais produtivos, autênticos e felizes.

Por que é que eu provei?

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Lembro-me da primeira vez que comi um rolinho de sushi. Cuspi-o no segundo em que o meti na boca. Hoje sei que não posso chamar sushi àquilo. Sei, porque tenho vagueado por esses restaurantes japoneses, numa felicidade sem fim. Esta felicidade está a dar comigo em doida. É que eu gosto tanto daquilo. E se no início eu comia apenas o que conhecia, agora dou por mim a engolir à maluca rolos de coisas que eu não sei bem o que são, mas que me sabem tão bem como uma massagem nas costas. O problema é que agora me apetece sushi todos os dias. Enjoava? Ai, não sei não! Eu começo a salivar só de imaginar aqueles rolinhos de todas as cores e rebolarem em mim. O segundo problema é que agora já não me contento com o sushi dos centros comerciais. Vá, assim em caso de desespero mato a vontade, mas eu gosto mesmo é dos combinadozinhos do chef ou, ainda mais, dos all you can eat cheios de rolos de todas as cores, flores e enfeites. Se há um tempo atrás punha a alheira em primeiro lugar no top das minhas preferências gastronómicas, agora é o sushi que ocupa o pódio. Acho até que numa noite destas sonhei com peixe cru. Ou estaria braseado?

(Quase) 21 dias sem açúcar

Eu já assumi que vacilei. Vacilei três ou quatro (ou cinco!?) vezes. Vacilei porque as coisas me vieram ter às mãos, não que eu as comprasse ou procurasse. Cof Cof. Por isso, não posso dizer que cumpri os 21 dias assim bem-bem. No entanto, comi mesmo muito menos açúcar do que é habitual. Nesta fase do percurso, permito-me, de vez em quando, a comer uma bombinha de açúcar. Foram essas bombas que evitei nestes últimos dias. Com este desafio não cumprido, eu reforcei a mais importante das aprendizagens: nem tudo, nem nada. A vida não é isso. O meu estilo de vida também não pode ser. Porque eu gosto mesmo muito de bolos, de gelados, de cenas-com-açúcar-no-geral e, apesar de saber que não posso saborear estas coisas todos os dias, sei, também e com a mesma certeza, que não quero prescindir delas em absoluto.

CrossFit ou Quem Foi o Diabo que Inventou Isto?

Escrevi este texto no dia 12 de agosto do ano passado, no dia em que experimentei um treino de CrossFit pela primeira vez. Era tão tenrinha.

Já há muito tempo que queria experimentar uma aula de CrossFit. É uma modalidade para duros. Com a progressão que tenho feito a nível físico, senti-me capaz de ir sem medo. Sem medo? Cheguei lá, olhei para aqueles homenzarrões e tive vontade de chorar. Pensei: “Estou feita. Não saio daqui viva!” A box tinha ar de cave, assim meio sinistra. ME-DOPara garantir que nada de mal me acontecia, tipo falecer ou coisa assim, levei comigo os meus irmãos: o de sangue e o de coração. O meu irmão de coração conhecia o treinador da box de Alvalade, por isso, as apresentações foram feitas rapidamente. 

A aula começou com a explicação dos exercícios: lifts, ups, wods, e-coisa-que-o-valha. Eu ia fazendo por imitação, mas o treinador foi sempre impecável e não me largou um minuto. O treino começou com um aquecimento de 7 minutos: agachamentos, flexões, levantamento de pesos. Eu aguentei-me estoicamente. Depois, treinei as posturas para levantar a barra onde se colocam os pesos. Descobri que sou uma nulidade a posicionar os cotovelos. Lá continuei a fazer tudo o que o treinador me mandava, sem refilar. A última parte da aula (e a pior) foi um circuito de 15 minutos composto p’los seguintes exercícios: saltos com a corda (60x), agachamento com peso de 12 quilos (15X), corrida à volta da box com uma medball de 6 quilos (10 voltas), mais agachamentos com peso de 5 quilos (15x). E adivinhem? Quando se acabava o circuito, TINHA DE SE REPETIR TUDO, ATÉ O TEMPO ACABAR. Acho que completei o circuito 3 vezes.

Confesso (estou neste momento a sacudir o pó dos ombros) que achei que me ia sair pior. Nunca parei, nunca desisti e fiz tudo, mas tudo o que me mandaram. Gostei daquilo. Gostei mesmo. Sabem o que adorava? Conseguir erguer-me naquelas argolas que têm penduradas no teto, só com a força dos meus braços. Talvez daqui a 6 meses?

Quem diria que, passados 8 meses, o CrossFit me traria tantas coisas boas? Quem diria? Mas, não, ainda não me consigo erguer nas argolas.

Limpar o palato

“Tenho de limpar o palato” é uma expressão que uso quando termino a refeição. Limpar o palato significa que a refeição só está terminada se eu comer um doce. Um gelado, um bolinho, um crepe, fruta com Nutella, gomas, o que for. Nos últimos onze meses limpar o palato foi coisa rara na minha vida. (Choro com soluços.) Aos poucos, fui-me habituando a terminar a refeição e pronto. Às vezes bebo um café, outras como uma pastilha sem açúcar. Vou sobrevivendo como posso, portanto!

O mais impressionante disto tudo, é que quanto mais açúcar como, mais vontade tenho de comer. Esta sensação de vício vem dar razão àqueles estudos que dizem que o açúcar vicia tanto, e é tão prejudicial para a saúde, como o álcool ou a droga. E para ter a certeza que é mesmo assim, de vez em quando testo-me: meia dúzia de gomas no bucho e pronto. O meu sistema volta a ficar todo aos saltos e parar é sempre mais difícil.

Se estou a dizer que nunca mais como açúcar? Não! O que seria de mim? Mas aprendi que devo evitar ao máximo, porque me põe meia doida, com picos de humor, porque não acrescenta nada à minha condição física, porque, vá, em último caso, me destrói as células. Irra! Um desafio de 21 dias sem açúcar veio mesmo a calhar. Que seja o que o Deus-do-Açúcar quiser!

Troca-te, Perna Fina! #1

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Há coisas que nos lembramos de comer desde sempre e sem as quais não nos imaginamos a viver. No cinema, por exemplo, para além de beijos apaixonados, nunca podem faltar as pipocas. Doces ou salgadas, adoro ambas. Às vezes, o filme ainda não começou e eu já devorei meio pacote. Uma vez passei uma noite inteira a vomitar por causa de tanta gula. Quando isso aconteceu, jurei que nunca mais comia pipocas, mas está bem, está. No cinema eu tenho de trincar qualquer coisa estaladiça, dê lá por onde der. Ultimamente, tenho levado pacotinhos de fruta desidratada e a coisa não tem corrido mal. Hoje em dia é bastante fácil de encontrar fruta seca: maçã, pêra, pêssego, ananás… Eu gosto muito da maçã, confesso. A grande diferença é que um pacote pequeno de pipocas chega a ter perto de 1000 calorias e um pacotinho (de mais ou menos 20 gramas) de fruta desidratada não ultrapassa as 50 a 70 calorias. Ok, não é mesma coisa, mas é tudo uma questão de hábito. Eu vou começar a comprar os bilhetes para o cinema com uma mola no nariz, bem agarradinha ao pacote de fruta. Quem está comigo?

Por que é que o Crossfit é espetacular?

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1.º O treino é diferente todos os dias.
2.º Toda a gente é tratada p’lo nome.
3.º Trabalham-se todos os músculos do corpo.
5.º Os atletas ajudam-se e motivam-se mutuamente.
6.º É um treino curto e intenso, que acelera o metabolismo.
7.º Cada atleta tem a possibilidade de progredir ao seu ritmo.
8.º Os resultados, físicos e psicológicos, são visíveis rapidamente.
9.º O treinador adequa os exercícios ao desenvolvimento de cada atleta.
10.º Os movimentos a executar são explicados e exemplificados ao pormenor.

 

A Páscoa dos Pernas Finas

A Lousã é um lugar bonito, onde se come maravilhosamente. É de lá que vem o meu mau feitio e quando lá vou posso confirmar isso. Andam sempre todos à guerra uns com os outros. Hoje, assim que me viram, disseram: Estás tão magra, filha! E apesar de acharem que as mulheres se querem com chicha, concordaram que estava melhor assim. Por isso, ofereceram-me toda a espécie de iguarias pascais. Aceitei as que achei que podia aceitar. Foi um dia bom.

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NÃO!

Para conseguirmos perder peso e ganhar saúde temos de aprender a dizer não. E não pode ser um não qualquer: tem de ser um não convicto, inabalável, que faça o outro perceber que, por muito que nos tente, não vai obter outra resposta que não a primeira. Não. Porque parece que quem nos rodeia faz de propósito. Eu sei que é sem maldade, quero acreditar nisso, mas às vezes é demais.

Isto para dizer que as ofertas são muitas. À nossa volta vão sempre existir pessoas a oferecer-nos chocolates, gelados, gomas, batatas fritas, fast food… E nós temos de saber resistir e, lá está, saber dizer que não. Não precisamos de ser pessoas-rudes-do-campo, como diriam os Gato, mas devemos recusar as ofertas do demo sem sentirmos peso na consciência por ofendermos quem quer que seja. Deixo aqui um guia de respostas que incluem o não, caso precisemos de abortar rapidamente a missão de quem nos tenta, sem magoar ninguém.

Obrigada, NÃO aprecio.
Obrigada, ainda NÃO fiz a digestão do almoço/lanche/jantar.
Obrigada, ainda ontem comi isso, NÃO me apetece muito. Será que enjoei?
Obrigada, passei a noite a vomitar. O jantar caiu-me mal. NÃO posso abusar.
Obrigada, NÃO posso comer isso. Descobri que tenho uma espécie de alergia a esse alimento.

Nunca podemos dizer que estamos de dieta, ou coisa que o valha. Aí é que os outros terão um gostinho especial em fazer-nos pisar o risco. Se ainda assim os demónios continuarem a insistir, digamos só: NÃO VOU COMER ISSO, PERCEBESTE?! E, se chegarmos a esta fase, acho legítimo que levantemos um pouco o tom de voz. Sempre sem passar o risco da boa educação. Ou NÃO.

Processo inverso

“Ai, quem me dera ter outra vez 18 anos. Tinha um corpaço. Usava calças muito justas e tops com o umbigo de fora. A praia era toda minha. O biquíni eram o mais pequeno possível, não tinha ponta de celulite. As minhas mamocas eram redondinhas, empinadas, e o meu rabo parecia ter vida própria. Ia duas vezes por dia ao ginásio e aguentava tudo. Ai, quem me dera ter outra vez 18 anos.”

Este pode muito bem ser o discurso saudosista de qualquer mulher que deixa de se reconhecer com o passar dos anos. Não sei se lamento. Desculpem a minha frontalidade, mas se eram isso tudo na juventude, com certeza puderam usufrir dela sem complexos físicos, p’lo menos. O que já é uma enorme felicidade.

Eu, aos 18 anos, não era nada daquilo. Tentava esconder o meu corpo o mais possível, usando calças largas e camisas que não me vincassem muito. Não usava biquíni porque tinha as mamas demasiado grandes e descaídas. Já estava carregada de celulite. Não fazia desporto nenhum. O meu passatempo preferido era comer. Credo, eu não queria nada voltar aos 18 anos.

Alguns dirão que eu contribuí para o estado em que o meu corpo ficou. Têm toda a razão. A única coisa que eu lamento foi ter perdido tanto tempo a chorar por viver numa casa feia, desarrumada e mal decorada. Isso eu lamento e dificilmente deixarei de lamentar. Agora, o que passou passou e eu tenho tentado focar-me no estado em que viverei daqui para a frente.

É essa a mensagem que desejo passar a todos aqueles que me lêem e, por alguma razão, não estão felizes consigo. É possível transformarmos o nosso corpo num sítio em que gostemos de habitar. É possível termos orgulho na nossa imagem. É possível sentirmo-nos verdadeiramente felizes. É possível se quisermos a sério. Não podemos querer mais ou menos. Temos de querer mesmo muito a sério, assim como uma boa mãe deseja o bem-estar e a felicidade do seu filho. Porque quando queremos muito uma coisa, esforçamo-nos por tê-la.

Há apenas um pormenor com o qual devemos estar preparados para lidar: quando tomamos a decisão de mudar, há muita gente a assistir à espera de nos ver tropeçar ou, como quem diz, a engordar de novo. Não nos podemos preocupar muito com isso, nem levá-los a mal. Estão apenas com medo que cheguemos aonde nunca sonharam. É o mais provável. Eu estou no processo inverso. Não quero voltar aos 18 porque me sinto lindamente nos 28.