Mês: janeiro 2015

Amor de hoje: o triste caso (da filha) do Juvencio

Esta música veio ter comigo e eu senti-me na obrigação de refletir sobre as palavras entoadas. Peço-vos que a oiçam com toda a atenção, porque esta obra prima pode mudar vidas.


Bem, comecemos por analisar a primeira estrofe.

Minha vida está um dilema,
Mas o que é que eu vou fazer?
Se casar é um problema,
Precisamos resolver.
Chego a casa logo de manhã,
P’ra com a família relaxar,
E eu pergunta para a minha filha:
Filha, onde foi a mamã?

Para o Sr. Juvencio Luiz estar casado é um dilema. Não é que o pobrezinho chega a casa e percebe que a sua amada esposa não está? Mas esperem lá, chega a casa, de manhã, vindo de onde? Mais: se pergunta à filha pela mamã, o raio da miúda passou a noite ao encargo de quem? Eu não sou de intrigas, mas parece-me coisa para denunciar à proteção de menores. E continua.

Ela diz que mamã saiu ontem à noite, quando o papá saiu.
E até agora de manhã, mamã, não voltou.
Sei que não é a primeira vez,
Segunda vez ou a terceira vez.
Eu não aguentei,
Quase me envenenei.

Lá está: a mamã saiu quando o papai saiu. Mas quem é que ficou com a miúda? Como se não lhe bastasse passar a noite sem ninguém em casa, ainda tem um pai com tendências suicidas?! Começo a ficar seriamente preocupada com a criança e estou prestes a abrir um abaixo assinado.

Se durmo fora, dormes fora.
Quer dizer o quê?
Se janto fora, jantas fora.
P’ra fazer o quê?
Se vou para os copos, também vais.
É desafio ou quê?
‘Tá competir o quê?
‘Tá me mentir você!

Pronto, está decidido. Este é um caso a denunciar. Sim, porque no meio disto tudo o que me preocupa é só, e apenas, a miúda. Janta e dorme sozinha, enquanto os queridos paizinhos andam em competição a ver quem emborca mais copos?! Que se lixem os cornos do Juvencio! Isto ainda pode melhorar?

Eu prefiro divorciar, porque aqui já não há casamento.
Não vale a pena me enganar,
Porque já não tens mais sentimento.
Não quero te envergonhar
Em frente da nossa filha amada.
É melhor calar.
Para mim não tens nada para falar!

Filha amada? Aqui vou ter de me dirigir diretamente a ti, Juvencio: só podes estar a gozar com a nossa cara! Uma filha amada não passa o dia abandonada a ver o Cartoon Network. Não. E o ar de felicidade da mãe? É, como diria o Quim Barreiros, esse guru da música popular portuguesa, o que eu acho é que na tua casa está entrando outro macho. Já foste, Juvencio. Já foste!

Vais te dar mal é.
Vais te dar mal é.

Ah pois vais! Na verdade, vão-se dar mal (é) os dois, que eu vou juntar uma carradona de gente para denunciar esta bandalheira. Pobre miúda, pá. Pobre miúda!

Chiça, até me dói o estômago! Isto é coisa para transtornar seriamente uma pessoa.  Ou lá se é.

Afinal, quem é que não gosta de boa comida?

Os meus alunos têm andado a estudar Portugal e um dos pontos de pesquisa é a gastronomia de cada distrito. Os miúdos têm apresentado os trabalhos diariamente e sempre que chegam à parte da comida eu não me contenho e das duas uma: ou faço um grunhido ou sai-me uma piadinha e fico a salivar, não querendo nem saber do facto de serem nove da manhã.

No outro dia um aluno disse-me: A Joana só se lembra de ter ido aos sítios por causa da comida, não é? Eu ia morrendo! Efetivamente, se pensar em Setúbal, penso logo em choco frito. Se pensar no Porto, penso logo numas pataniscas de bacalhau que lá comi há uns anos. Se pensar em Faro, mais precisamente em Tavira, começo logo a sonhar com umas amêijoas ou com um pão d’alho MARAVILHOSO, que existe lá na ilha, que não encontro igual em mais lado nenhum. Mas há mais. Se pensar em Leiria, penso logo nas Brisas a escorrer doce d’ovos. Se pensar em Évora, penso imediatamente numa carne de porco à alentejana de tirar o fôlego…

O pior é que me apercebi disto só porque o A. me chamou à atenção. Percebi, também, que há muito pouco a fazer em relação a este meu maior pecado: a gula. Eu gosto do comer. Eu gosto de comer e lutar contra este meu gosto é um desgosto do caraças. Porém, também entendo que ou percebo que estas refeições que adoro devem ser exceções no meu plano alimentar ou de Perna Fina terei apenas o nome. E eu não quero isso.

Voltando ainda aos meus alunos, que são os mais bonitos, inteligentes e espetaculares que este século já viu, depois de eu me justificar como pude, outro miúdo levantou o dedo para pedir a palavra e disse: Não se sinta mal, Joana. Afinal, quem é que não gosta de boa comida? E é!

O que me preocupa é que um dia me apanhes p’raí uma sida ou coisa pior!

Aos olhos dos meus avós eu posso comer tudo o que me apetece. “Come, filha, come. Toma mais um chocolatinho. Queres um gelado? E umas batatinhas fritas a acompanhar o frango assado?” Eu vou recusando como posso. Sei que ficam ofendidos quando não como tanto quanto gostariam, mas se aceito tudo o que me oferecem saio de lá com um quilo ou dois a mais.

Há uns anos recusei arroz e a minha avó passou-se: “Onde é que isto já se viu, não comer arroz?! Ai filha, não sei onde vais parar com esta mania das dietas. O que me preocupa é que um dia me apanhes p’raí uma sida ou coisa pior!” Eu, os meus pais e o meu irmão íamos morrendo a rir. Pobre avó Aldina, Perna Fina de sangue azul, acha que por não comer arroz corro sérios riscos de saúde.

Há uns tempos recusei uvas e a senhora ia tendo um ataque: “Avó, não posso comer uvas.” A minha avó não disse nada, mas olhou para mim como quem diz: “Ai, um dia destes apanhas uma coisa ruim, apanhas!”

Corridas #1

Apaixonei-me de tal forma p’lo CrossFit, que abandonei as corridas. Este fim de semana voltei a correr. E senti-me tão, tão bem! Quando comecei o treino, achei que não ia aguentar muito tempo, mas acho que fiz um bom trabalho. Não sei as distâncias, mas sei que fiz dois treinos de 40/50 minutos.

Tal como há uns tempos atrás, voltei a constatar que:
1.º Gosto de correr com o cabelo solto. O cabelo apanhado faz-me sentir presa.
2.º Gosto (mais) de correr sozinha. Vou caladinha, a pensar na minha vida e a traçar novos objetivos.
3.º Prefiro correr sem música. Adoro ouvir o meu coração a bater, cada vez mais rápido, como se acompanhasse os meus passos certeiros.
4.º Faço questão de correr em sítios arejados. Correr no meio dos carros ou de muitas pessoas atrapalha-me o sistema.
5.º Corro melhor quando escolho bem as calças que visto. A verdade, é que estou a precisar de renovar o meu stock de roupas de treino. Tenho tudo a cair-me. Correr e ter de puxar as calças ao mesmo tempo dá um trabalhão.
6.º Correr dá-me uma sensação extraordinária de liberdade, impagável, e quando termino parece que me sinto imediatamente mais magra.

O mais engraçado nesta história toda das corridas, é que, há uns anos, eu dizia que correr por correr era a coisa mais estúpida de sempre. Ainda se se corresse atrás duma bola…, dizia eu. Sabia lá eu o que andava a perder.

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A boazona da imagem é pura inspiração.

Pelo fim das dietas

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Quem desejou perder peso em 2015, quando soaram as doze badaladas? Eu desejei sempre, durante anos, e o dia de hoje era o dia em que começava a dieta. Acabava-se o pão, o arroz, a massa, as batatas, os doces, os fritos. Acabava-se tudo o que eu gostava e achava que não podia viver sem e ser feliz. Restavam, apenas, umas deslavadas postas de peixe cozido, uns secos bifes grelhados, acompanhados por legumes crus ou cozidos, que me faziam descer ao inferno.

A coisa durava algum tempo. A roupa começava a ficar mais folgada. Eu empolgava-me e compensava o meu sucesso com um hambúrguer com batatas fritas ou algo do género. Com o passar do tempo, já não podia ver a comida que me era permitida. Tudo me causava náuseas e o meu corpo só me pedia uma fatiazainha de piza. Mais cedo ou mais tarde, tudo descambava e pimba, lá estava eu de volta ao pão, ao arroz, à massa, às batatas, aos doces, aos fritos, em doses industriais.

Tenho de me conformar. Vou ter de fazer dieta até ao fim dos meus dias, dizia eu para mim própria vezes sem conta. Estava tudo errado. Eu estava completamente errada. Claro que, por enquanto, há alimentos que não fazem parte do meu plano alimentar diário, mas o que eu como está bastante longe de postas de peixe ressequidas. No meu caso, tudo isto só foi possível com ajuda. Durante muito tempo achei que sabia o que estava a fazer, julgando que tinha a capacidade de criar a minha dieta. Não sabia nada. Sobretudo, não sabia que todas as dietas têm um fim, que ninguém as consegue fazer perdurar no tempo.

“Qual foi a dieta que fizeste?” Nenhuma, respondo eu, hoje em dia, quando me fazem esta pergunta. E continuo dizendo que mudei os meus hábitos alimentares, que me acabo numa box de CrossFit e que corro. Corro, o mais depressa que posso, para perder peso, para me sentir bem e para fugir a sete pés das dietas disto e daquilo, que só me tornavam uma pessoa menos feliz e bem-disposta.