Como é que eu explico à minha aluna de 8 anos que os seres do sexo masculino são todos, ou na sua maioria, uns filhos da mãe? A grande questão é: como é que eu lhe explico que às vezes gostamos muito de uma pessoa que não gosta de nós? Ou, simplesmente, não nos merece?
Dado o desespero da miúda, decidi dar-lhe a minha vida amorosa como exemplo (uma história de merd*, portanto) e comecei:
– Sabes, é mesmo assim. Eu também já gostei de rapazes que não gostaram de mim.
– E o que é que a Joana fez?
– Olha, nem sei bem. Acho que deixei de gostar e pronto.
– Mas isso nunca me vai acontecer. Eu vou gostar do A. para sempre.
– Não vais nada. Quando fores crescida e muito, muito gira, vais encontrar um rapaz, que também vai ser muito giro, e vão os dois gostar muito um do outro.
– E vamos casar?
– Claro que vão. E ter 3 filhos.
– A Joana quer ser madrinha dos meus filhos?
– Vês? Que boa ideia!
A conversa mudou da depressão para a euforia quando começámos a pensar nos vestidos que usaríamos no batizado dos filhos dela. Agora, é preciso ter vergonha na cara para mentir assim a uma miúda que me confiou os seus desgostos amorosos.
1.º Nem todas nós, quando crescemos, ficamos muito giras. Passar muita fominha e arrastar o lombo no ginásio é o destino de grande parte de nós.
2.º Nem sempre namoramos com rapazes muito giros. Se forem só giros, e muito bons rapazes, já temos uma grande sorte.
3.º Os homens não fazem questão de casar. As mulheres sim. Mesmo as que afirmam a pés juntos que não.
4.º Ter filhos é muito mais que batizá-los. Organizar a festa talvez seja mesmo o mais fácil.
Mas, quem sou eu para lhe dizer isto tudo? Por enquanto, da minha parte, ela precisa que a ajude a pensar bem, matematicamente falando, a escrever textos coerentes, bem como um outro monte de coisas. Não sou eu que lhe vou destruir todos os sonhos amorosos. Não. Antes ser uma professora mentirosa.
Ahah 😀