Cheguei meia hora antes. Eu e esta minha louca mania de chegar com muito tempo de antecedência a todo o sítio para onde vou, não vá o diabo tecê-las e eu atrasar-me. Meia hora que me fez os nervos em fanicos. O coração batia muito. Não sei se era medo, se era ansiedade, se era entusiasmo. Talvez um pouco disso tudo. “Mas estás nervosa porquê?”, pensava eu! “O que é o pior que pode acontecer? Não conseguires fazer tudo o que te mandarem? Ou fazer tudo o que te mandarem mesmo que para isso te tenhas de arrastar pela box?” Dez minutos antes do início da aula, saí do carro com o seguinte pensamento: “Caguei (desculpem a expressão), vou dar o meu melhor. Depois logo se vê”!

Cheguei à box e senti vontade de fugir. As pessoas já se conheciam todas. Eu não conhecia ninguém. Por isso, fiquei a um cantinho a observar as movimentações, como os miúdos no primeiro dia de escola, até ganhar coragem para perguntar a uma rapariga que lá estava:
– É a primeira vez que venho. Faço o quê?
– Arruma as tuas coisas aqui ao lado das minhas. Ele vai perceber que és nova e vai explicar-te tudo. – respondeu ela com um ar muito amigável.

(Ele: o professor/instrutor/o-que-ele-quiser, daqui em diante, O Bonito.)

O Bonito percebeu logo que eu era nova ali e desse momento até ao fim da aula exemplificou tudo dizendo: “Ok, Joana? Alguma dúvida, Joana?” Eu ia dizendo que sim a tudo. Bem, O Bonito lá começou a explicar o aquecimento, cujo palavreado eu não memorizei. Basicamente, tinha de me pendurar numa barra e baloiçar o corpo com o impulso dos ombros. Seguiram-se uma-espécie-de-abdominais, com uma almofadinha que deu imenso jeito, e uns agachamentos. O máximo de sequências possíveis em três minutos. Cada exercício era repetido dez vezes seguidas.

Depois, O Bonito pediu que fosse buscar um tubo de PVC. Neste momento, entre outras coisas, aprendi a ativar os ombros, a fazer a pega corretamente, a posicionar os pés e mais uma série de coisas que agora não me recordo, pois por esta altura já estava praticamente a falecer. Aquela sequência tinha de ser repetida sete vezes, no menor tempo possível. O limite de tempo era de quinze minutos e eu terminei tudo, sem batotas, em dez  minutos e cinquenta segundos. Nada mau, ãh? Depois foi arrumar o material e alongar.

No final fui despedir-me d’O Bonito e agradecer-lhe a atenção. Ele disse:
– Amanhã vais ter dores, mas na quarta não te vais conseguir mexer. Vê se bebes muita água e dormes o melhor possível.
– Será que sexta já consigo voltar? – perguntei eu. Ele acenou que sim com a cabeça.

Entrei no carro e achei que não ia ser capaz de conduzir até casa. As pernas estavam a tremer e nem sei bem se trazia os braços comigo. Consegui conduzir até casa, estacionei o carro e arrastei-me até ao duche com a certeza que se tinha pecados, grande parte deles foram pagos hoje, com suor.

Termino de escrever este texto a dar cabeçadas no computador. Não sei bem se quero vomitar ou dormir, tal é a exaustão. Para já vou seguir os conselhos d’O Bonito, p’lo menos aqueles que se referem a dormir bem… A-t-é-a-m-a-n-h-ã-P-e-r-n-a-s-F-i-n-a-s-!-!-!

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