Mês: maio 2014

Comunicado de ÚLTIMA HORA

Queridos Pernas Finas,

É com muito gosto que vos comunico que hoje de manhã experimentei as minhas calças de ganga preta, as minhas calças favoritas do mundo inteiro, e consegui abotoá-las. Iuuupi!

Ainda não saí com elas à rua porque me senti com a cintura demasiado apertada, mas o botão cumpriu a sua função. “Esta tipa é doida. Alguém servir numas calças é uma notícia de última hora relevante?”, dirão vocês.

Estas calças não me serviam há 3 anos! Há lá notícia melhor que esta?! Por isso, se virem umas pernas jeitosas numas calças de ganga preta, provavelmente serão as minhas.

Há dias e dias

Há dias que começam com um presente dado com o coração.
Há dias em que somos levados a chorar de tristeza, compulsivamente.
Há dias em que descobrimos que perdemos (mais) 2 quilos.
Há dias e dias. Nenhum completamente bom. Nenhum completamente mau.

É tudo uma questão de perspectiva!

Ao longo destes anos estive de dieta vários dias da minha vida. Esses dias eram um suplício. Eu vivia a pensar, frustrada, no que não podia comer e tinha muitos apetites. Apeteciam-me bolos, folhados, gelados, chocolate, batatas fritas… E olhava para o peixe cozido com bróculos e tinha vontade de chorar. Como é que eu não percebi antes que nenhum ser humano que goste de comer aguenta uma restrição alimentar excessiva? Como? Nunca daria certo.

Hoje passo os dias a pensar no que posso comer e entusiasmo-me com os sabores, com as texturas. Se o meu pensamento vai parar a um donut de leite condensado, lembro-me que está a chegar a hora de comer o meu pão do lanche da tarde, recheado com queijo de alho e ervas, fiambre de frango e rúcula e sinto-me feliz! Penso que ao jantar vou comer um maravilhoso salmão, bem temperado, acompanhado por puré de couve-flor e a vida melhora num instante.

Tornar a comida entusiasmante num processo de perda de peso pode ser um desafio… Nada que algumas pesquisas não resolvam. Pesquisas e gosto por cozinhar, que eu tenho para dar e vender.

Perguntem-me se estou a fazer dieta?! Perguntem!!! Não, eu não estou a fazer dieta. Eu estou a comer bem, tudo o que o meu corpo precisa. Ah, estou também a perder peso. Sem comprimidos mágicos. Sem pressões.

Estou mesmo feliz! (Espero que as invejosas que pairam minha vida não leiam este post!)

É dia de VOTAR!

votofeminino2Hoje temos todos essa OBRIGAÇÃO!

No entanto, devemos todAs relembrar-nos que nem sempre nos foi concedido esse DIREITO!

Eu já lá fui e garanto: não doeu nada.

Oh Vaquinha, queres ir correr comigo?

Uma das principais responsáveis por ter desenvolvido um pequeno ódio por todo e qualquer desporto foi a minha professora de educação física do 11.º ano. Verdade seja dita, eu nunca fui brilhante nessa disciplina e tenho plena noção de que os professores me davam 3 ou 10 apenas porque tinham pena de mim. Mas a professora de educação física do 11.º ano, fez nascer em mim um ódio tão grande por praticar desporto, que sempre que penso nela corro um pouco mais rápido.

Voltemos um bocadinho atrás. Quando fiz 16 anos os meus pais decidiram trocar de casa e essa mudança implicou trocar de escola. Lembro-me bem que a escola para onde fui me tinha sido recomendada por ser “das melhores da zona” e, num belo dia, eu e a minha rica mãe, pusemos pernas a caminho e fomos tratar da matrícula. A escola ficava onde Judas perdeu as botas, mas lá a encontrámos. Depois de esperarmos nas filas habituais, fomos chamadas. Uma professora, que nunca tinha visto na vida, começou a preencher os papéis e às tantas disse:

“- …e educação física!”
“- Essa disciplina bem podia não estar aí…! – respondi eu.
“- Ai sim? Porquê, não gostas de educação física?”
“- Detesto… Não tenho jeito nenhum!”
“- Que engraçado…! Eu sou professora de educação física e muito provavelmente serei tua professora!”

E foi, aquela desgraçada! E tomou-me de ponta o ano inteiro. E humilhou-me e gozou comigo! E eu aguentei, mas zangada, cheia de raiva dela! A desgraçada era tratada pelos alunos como Vaquinha. Imaginem só o calibre do bicho. A maldita foi minha professora apenas um ano, mas para mal dos meus pecados vive perto dos meus pais e, por isso, hoje tive o prazer de a rever. Se os meus olhos disparassem… (Felizmente ando a trabalhar a minha calma!) Mas em vez de a matar, eu gostava mesmo era de lhe dizer:

Oh Vaquinha, queres ir correr comigo? Olha que vais ficar surpreendida.

Programas de culinária? É fugir deles a 7 pés!

Já toda a gente sabe que eu adoro comida. Eu vibro com comida. Assim sendo, costumo passar horas da minha vida a ver programas de culinária. E é ver-me a salivar para todas aquelas refeições: lindas, bem feitas, com um aspeto formidável. E é ver-me tentada a ir à cozinha comer qualquer coisa para adormecer o bicho que aqueles programas acordam em mim. Portanto, tenho-me proibido de ver esses programas do demo. Constatei que só aumentam a minha vontade de comer coisas que nada me ajudam a perder peso e que, por isso mesmo, me deixam zangada e com mau feitio. Programas de culinária, que apresentam receitas que prometem ressuscitar um morto, talvez daqui uns tempos nos voltemos a encontrar. Para já, ficamos assim.

Ah, e tal, mas a Perna Fina já perdeu peso ou não?

A minha Perna Fina nasceu há quase 5 meses. Há quase 5 meses que tornei pública a minha vontade de perder peso, mudar o meu corpo e sentir-me mais feliz com a minha imagem. Esta viagem (ainda que curta) mostrou-me que mais do que querer ser magra, eu quero mesmo é sentir-me bem no meu corpo e que o número que aparece na balança tem a importância que tem. No entanto. eu continuo a querer “baixar o número” e a desejar ter um corpo mais tonificado.

Não posso dizer que fui exemplar nestes 5 meses, mas fui muito mais comportada que nos últimos 10 anos. E os resultados estão a aparecer. (Aparecerão mais quando os hábitos que tenho vindo a desenvolver existirem em todos os dias da minha vida. Porque isso é mesmo o mais difícil.)

No entanto, as últimas 2 semanas foram exemplares. Menos 2 quilos e menos 10 centímetros em todo o corpo (cintura, peito, anca…). Por que é que estas 2 semanas foram diferentes de todas as outras? Porque alguma coisa mudou em mim. Eu não sei bem explicar o quê… Mas alguma coisa foi. Acho que parei de me lamentar por não poder comer coisas que gosto e que finalmente aceitei que ou faço esta escolha ou passarei o resto da vida em luta comigo.

Para além disso, desisti definitivamente das dietas (espero eu, para sempre). Desisti dos resultados a curto prazo e dos exageros de restrição alimentar. E pode parecer um cliché, mas é verdade: o equilíbrio é fundamental.

O auto-controlo

Há três semanas que ando a trabalhar o meu auto-controlo: ver um bolo ou um folhado passarem à minha frente e não me atirar logo a eles, como se não houvesse amanhã.

Para aumentar o meu auto-controlo tenho procurado manter a calma nas mais variadas situações. Nos últimos tempos descobri (ou tive a certeza) que como mais quando me enervo. Há quem fume um cigarro, há quem beba um copo, há quem diga palavrões… Eu como! Por isso, manter a calma tem sido fundamental.

Depois, e ainda à volta com o livro de que vos falei, tenho procurado ser uma consumidora consciente. Ser uma consumidora consciente é ter a capacidade de pensar antes de comer e de colocar algumas questões a mim própria:

– Estou a comer isto porquê?
– Apetece-me?
– Tenho fome?
– Estou nervosa?
– Estou triste?
– Estou zangada?

E fazer estas perguntas a mim mesma leva pouco mais de alguns segundos.

Esta semana ofereceram-me um macarron de chocolate e um croissant do careca. Deus sabe que me pelo por ambos. Impulsiva. Sempre fui perfeitamente capaz de os engolir em segundos. Esta semana não. Agradeci as ofertas e mais tarde ofereci-as a outras pessoas, que têm mais controlo do que eu e que não estão num processo de perda de peso.

Dirão vocês: “Ai, que esta Perna Fina se virou para a espiritualidade!” Não direi tanto! Apesar disso, cada vez mais me convenço que muitas pessoas (eu incluída) têm a alma faminta e, em vez de alimentarem a alma, alimentam (em excesso) o corpo.

O auto-conhecimento de quem somos, do que queremos, do que nos faz felizes, do que nos faz tristes, do que nos dá prazer e do que nos chateia torna-se fundamental para vivermos tranquilamente e, pelo caminho, ainda nos pode ajudar a perder peso (ou a ter uma melhor relação com a comida).