Tenho uma manifestação a acontecer dentro do meu roupeiro. As minhas velhas calças de ganga, que ainda se encontram em (bastante) bom estado, têm-se insurgido contra mim diariamente.

Dizem elas, que há muito tempo que não as visto… Há anos que não as visto! Sentem-se tristes comigo e reclamam o direito de voltarem a ser calças que dão nas vistas. Estão todas ciumentas por não lhes ligar nenhuma e vestir apenas uns exemplares da mesma espécie, que são muito maiores que elas.

Já lhes disse que gosto imenso de todas e que quero voltar a passear-me com elas no corpo, mas por enquanto não dá. A nossa relação está demasiado apertada. Quando as visto não consigo respirar. É sufocante.

Conversámos a sério e eu disse-lhes que estou a tratar afincadamente das suas novas condições de trabalho, para que possam voltar ao ativo o mais depressa possível.

Prometi-lhes passeios em dias sol, idas às compras e, na loucura, poderão ir comigo para o trabalho. As minhas calças ouviram-me com atenção. Acho que acreditaram em mim e viram que é desta que as minhas promessas são verdadeiras.

De qualquer forma, deram-me até ao verão para as voltar a vestir. Eu achei que o prazo era aceitável e o acordo que reclamavam há tanto foi assinado.

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